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Cresce participação de múltis entre os maiores exportadores
Empresas do agronegócio superam as do setor automobilístico entre as maiores estrangeiras
SOFIA FERNANDES
DE BRASÍLIA
Empresas estrangeiras estão ocupando mais e melhores posições entre as principais exportadoras no país.
Além disso, houve uma inversão na lista de produtos
mais vendidos. Os artigos da
agroindústria desbancaram
os do setor automobilístico.
No primeiro semestre deste ano, oito multinacionais
despontaram entre as 20
principais empresas exportadoras do país. No ano passado, elas eram somente três, e,
em 2008, quatro.
Na lista das maiores exportadoras de 2010, 4 das 8 múltis vendem produtos agrícolas e já existe até uma brincadeira devido a isso. Elas são
conhecidas como o "ABCD:
ADM, Bunge, Cargill e Dreyfus" -todas são companhias
multinacionais que produzem commodities.
Neste ano, a Bunge passou
a ocupar a terceira posição,
perdendo somente para a Petrobras e a Vale. Em 2009, ela
terminou em 19ª lugar, com
um faturamento bruto anual
de R$ 27,2 bilhões.
Essas empresas multinacionais fazem frente às duas
maiores gigantes brasileiras
e ultrapassaram as companhias nacionais de alimentos, resultado de fusões incentivadas por recursos do
governo.
A BRF-Brasil Foods, fruto
de fusão entre Sadia e Perdigão, está no décimo lugar da
lista de 2010. A JBS-Friboi,
cuja fusão também recebeu
ajuda financeira do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), está na 26º posição.
MOTIVOS DO SUCESSO
Para José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB
(Associação de Comércio Exterior do Brasil), há dois fatores em favor das multinacionais no país: a facilidade de
comprar terras e unidades industriais e um mercado cativo no exterior, principalmente nos países de origem.
Roberto Giannetti, diretor
do Departamento de Relações Internacionais da Fiesp,
atribui esse cenário à timidez
de uma política de estímulo
às exportadoras nacionais.
Segundo ele, o ponto crítico contra as empresas brasileiras ocorreu na década de
1980. "Até 1985, havia uma
política de comércio exterior
que acreditava que valia a
pena exportar. De 1985 a
1999 foi um período negro."
Ainda segundo ele, os incentivos retomaram após esse período, mas ficou mais
fácil para quem já estava estruturado aproveitar as novas levas de estímulo. Resultado: as tradings brasileiras
tornaram-se importadoras.
SEM DIFERENÇA
Há quem não entenda a
presença estrangeira como
uma ameaça. Fernando Ribeiro, economista-chefe da
Funcex (Fundação Centro de
Estudos do Comércio Exterior), não acredita que haja
muita diferença se uma empresa é nacional ou não.
"Se a empresa está estabelecida aqui, se está ganhando dinheiro, está interessada
que a economia do país caminhe bem", diz Ribeiro.
Segundo ele, as multinacionais são até benéficas porque fazem investimentos que
as nacionais não têm condições, aumentando a pauta de
exportação do país.
Ribeiro afirma ainda que a
grande presença das companhias estrangeiras é um sintoma do atual momento de
concentração do comércio
internacional. Um exemplo é
o setor de açúcar e álcool
-80% do mercado de exportação de açúcar está tomado
por um pequeno grupo de
grandes multinacionais.
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