São Paulo, segunda-feira, 16 de agosto de 2010

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Carteira própria é opção de aposentadoria

Consultores dizem que gerir investimentos garante rentabilidade maior do que plano privado de previdência

Taxas cobradas por fundos diminuem ganhos, mas investir por conta própria exige tempo e conhecimento


Rodrigo Capote/Folhapress
Marcelo Gheler, professor de jiu-jítsu que optou por plano de previdência por não ter tempo para diversificar investimentos

MARIANA SCHREIBER
SÃO PAULO

Preocupado em garantir uma aposentadoria tranquila, o brasileiro investe cada vez mais em fundos de previdência privada.
Segundo a FenaPrevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida), o mercado de previdência privada aberta arrecadou R$ 19,84 bilhões no primeiro semestre deste ano -alta de 18,1% em relação ao mesmo período de 2009.
No entanto, consultores e professores de finanças consideram que nem sempre essa é a melhor opção para aumentar a rentabilidade das economias pessoais.
Montar a própria carteira de investimento (com ativos como ações, títulos públicos, CDBs e cotas de fundos de capital protegido) tende a ser mais rentável, afirmam, embora isso exija mais tempo e conhecimento do aplicador.
"Quem tem interesse em maximizar lucro deve montar sua própria carteira. Mas fazer isso sem conhecimento pode ser muito arriscado", afirma o professor de finanças da FGV Marcos Heringer.
O principal vilão dos fundos de previdência é a taxa de carregamento, que, diz a FenaPrevi, é cobrada para cobrir os custos de comercialização do produto. Ela implica um desconto sobre o valor aplicado. Se a taxa for de 2% e o investidor depositar R$ 100, só R$ 98 entrarão efetivamente na conta.
Assim como outros tipos de fundo, os de previdência também cobram taxas de administração, que remuneram os gestores do dinheiro.
"As taxas destroem a rentabilidade. Fica muito difícil ganhar de quem faz o dever de casa por conta própria", diz o consultor Mauro Calil.
Segundo ele, as taxas de carregamento mais comuns cobradas de pequenos investidores variam de 2,5% a 5%. Já o vice-presidente da FenaPrevi, Renato Russo, diz que não passam de 2,5% e que há uma tendência de queda.

VANTAGENS
Russo argumenta que os fundos de previdência apresentam vantagens fiscais.
Ao contrário dos fundos tradicionais, cuja rentabilidade é taxada semestralmente, nos de previdência o IR é cobrado só na retirada do dinheiro. Nesse intervalo, os recursos rendem e fazem elevar o patrimônio.
E, no caso da escolha da tabela de IR regressiva, o imposto cai de 35% nos primeiros dois anos para 10% após dez anos de aplicação.
O plano de previdência PGBL, menos adotado no país que o VGBL, oferece ainda a possibilidade de adiar o pagamento do IR sobre a renda, afirma Luís Coelho, da SulAmérica Investimentos.
Ele afirma que até 12% da renda bruta aplicada no plano é dedutível do Imposto de Renda. Por outro lado, no PGBL, tanto a rentabilidade como o patrimônio do fundo são taxados no resgate.
"Além de esse valor acumular rendimento ao longo da aplicação, quem está nas faixas mais altas de contribuição (15%, 22,5% e 27,5%) pode pagar um imposto menor depois, caso tenha optado pela tabela regressiva."
O professor de jiu-jítsu Marcelo Gheler, 40, fez um plano de previdência para se aposentar em 20 anos. Ele diz que não tem tempo ou conhecimento para diversificar seus investimentos.
"Não entendo nada disso. Tenho a previdência e guardo um pouco na poupança para emergências."


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