São Paulo, terça-feira, 16 de agosto de 2011

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ANÁLISE COMMODITIES

Fundamentos econômicos sólidos mantêm o milho em alta

LEONARDO SOLOGUREN
ESPECIAL PARA A FOLHA

O mercado internacional do milho deu sinais claros da solidez de seus fundamentos econômicos diante do pânico generalizado que tomou conta das principais Bolsas de Valores do mundo ao longo das duas últimas semanas.
Incrivelmente, enquanto os principais índices acionários globais registraram expressivas quedas, os preços futuros do milho negociado na Bolsa de Chicago subiram 5,4% nos últimos 15 dias.
O quadro de menor produção projetado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos para a safra norte-americana no ano agrícola 2011/12 deu sustentação para os preços do milho.
O órgão norte-americano divulgou na semana passada que a produção de milho do país deverá totalizar 328,03 milhões de toneladas, o que representou queda de 14,12 milhões de toneladas em relação à estimativa divulgada no relatório precedente.
A consequência desse novo cenário de produção é a queda estimada nos estoques finais de milho dos Estados Unidos, que deverão somar 18,13 milhões de toneladas, gerando relação estoque-consumo (indicador que mede o percentual da demanda que pode ser atendida pelo nível atual de estoque de passagem) de apenas 5,5%, o que representa a menor relação desde o ano agrícola 1995/96.
O quadro de aperto de estoque tem compensado o temor dos investidores de que o processo de desaceleração global da economia poderá reduzir a demanda por grãos.
É verdade que os fundos de investimentos reduziram suas apostas em commodities agrícolas diante do receio de que poderia haver um novo colapso financeiro.
Mas, mesmo diante desse movimento, os preços futuros do milho na Bolsa de Chicago voltaram a superar o patamar de US$ 7 por bushel. No mercado doméstico, os preços também permanecem firmes, apesar do aumento da pressão de oferta diante da colheita da segunda safra. O quadro favorável de preços deverá estimular os produtores a investir no cereal na safra 2011/12. Após três anos consecutivos de queda na área plantada, o milho cultivado no verão deverá ter sua área elevada no próximo ano agrícola, com destaque para a região Sul do país.
No Paraná, o milho tende a avançar sobre a área de soja, enquanto em Santa Catarina o cereal deverá ganhar espaço sobre a área de feijão.
A procura por sementes mostra-se muito elevada, com destaque principalmente para os híbridos de alta tecnologia, o que demonstra claramente a disposição do produtor brasileiro em perseguir um alto nível de produtividade na próxima safra.
Obviamente que essa disposição está relacionada ao cenário atual de grande rentabilidade na atividade rural.
Os altos preços das commodities agrícolas estão permitindo ganhos expressivos para os principais grãos.
Apesar de um cenário econômico global ainda muito incerto e delicado, as commodities agrícolas se destacam por serem uma das melhores opções de investimento no âmbito produtivo.

LEONARDO SOLOGUREN é engenheiro-agrônomo, mestre em economia e sócio-diretor da Clarivi.


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