São Paulo, quinta-feira, 16 de setembro de 2010

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1 milhão de veículos têm recall em 2010

Número de unidades convocadas para consertos já é 83,77% maior que em todo o ano passado; fenômeno é global

31 modelos tiveram convocação no Brasil; especialistas dizem que segurança e exigências aumentaram no setor

THAIS BILENKY
DE BRASÍLIA

O número de carros convocados para recall neste ano já é 83,77% maior que o registrado em todo o ano passado.
Juntos, automóveis e motos convocados para consertos somam 1,052 milhão de unidades. Em 2008 e 2009, o número ficou na casa dos 700 mil em cada ano.
Os números são do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC). Até agora, 31 modelos de veículos foram convocadas para recall -em 2009, foram 36. No caso das motos, oito marcas passaram por recall tanto em 2009 como neste ano.
O aumento de convocações cresce expressivamente. Em 2001, oito marcas de veículos convocaram recall. No ano seguinte, o número quadruplicou e ficou, desde então, próximo a 30.
Para a advogada Daniela Trettel, do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), não há excesso de convocações.
"Se compararmos o número de recalls realizados no Brasil com o nos EUA, percebemos que a incidência de recall no país ainda é muito baixa, e isso infelizmente não decorre de qualidade excepcionalmente superior dos produtos brasileiros."
A maioria dos problemas é identificada em veículos. Em fevereiro, por exemplo, mais de 186 mil Honda Fit foram chamados no país, como parte de um recall mundial para mais de 646 mil unidades.
Um defeito no vidro elétrico do modelo da empresa podia gerar curto-circuito e incêndio, o que de fato aconteceu e matou uma criança na África do Sul em 2009.
O Código de Defesa do Consumidor brasileiro exige recall quando se constata risco à segurança ou à saúde do consumidor. É obrigação do fabricante ou do importador comunicar o defeito na mercadoria e providenciar seu reparo, sem custos para o cliente.
Representante do setor automobilístico, a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) diz ser "totalmente favorável ao instituto do recall". Ademar Canteiro, gestor de relações internacionais da entidade, afirma que o aumento de convocações "está dentro da normalidade de um mercado em crescimento, não está fora do padrão. Aconteceu no mundo todo e aqui também".
"O que nos preocupa não são os números de recall, mas sim a sua ausência. Se compararmos com outros países, vemos que não é tanto assim. Na Austrália, a média dos últimos 30 dias foi de 28 a 30 recalls", diz Amaury Oliva, do DPDC. Para ele, a tendência de alta no Brasil se deve ao "aumento do número de produtos e de consumidores e à maturidade do setor em aceitar que seus produtos não são infalíveis".


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