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1 milhão de veículos têm recall em 2010
Número de unidades convocadas para consertos já é 83,77% maior que em todo o ano passado; fenômeno é global
31 modelos tiveram convocação no Brasil; especialistas dizem que segurança e exigências aumentaram no setor
THAIS BILENKY
DE BRASÍLIA
O número de carros convocados para recall neste ano já
é 83,77% maior que o registrado em todo o ano passado.
Juntos, automóveis e motos convocados para consertos somam 1,052 milhão de
unidades. Em 2008 e 2009, o
número ficou na casa dos
700 mil em cada ano.
Os números são do Departamento de Proteção e Defesa
do Consumidor (DPDC). Até
agora, 31 modelos de veículos foram convocadas para
recall -em 2009, foram 36.
No caso das motos, oito marcas passaram por recall tanto
em 2009 como neste ano.
O aumento de convocações cresce expressivamente. Em 2001, oito marcas de
veículos convocaram recall.
No ano seguinte, o número
quadruplicou e ficou, desde
então, próximo a 30.
Para a advogada Daniela
Trettel, do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), não há excesso de
convocações.
"Se compararmos o número de recalls realizados no
Brasil com o nos EUA, percebemos que a incidência de
recall no país ainda é muito
baixa, e isso infelizmente
não decorre de qualidade excepcionalmente superior dos
produtos brasileiros."
A maioria dos problemas é
identificada em veículos. Em
fevereiro, por exemplo, mais
de 186 mil Honda Fit foram
chamados no país, como parte de um recall mundial para
mais de 646 mil unidades.
Um defeito no vidro elétrico do modelo da empresa podia gerar curto-circuito e incêndio, o que de fato aconteceu e matou uma criança na
África do Sul em 2009.
O Código de Defesa do
Consumidor brasileiro exige
recall quando se constata risco à segurança ou à saúde do
consumidor. É obrigação do
fabricante ou do importador
comunicar o defeito na mercadoria e providenciar seu
reparo, sem custos para o
cliente.
Representante do setor automobilístico, a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) diz ser "totalmente favorável ao instituto do recall". Ademar Canteiro, gestor de relações internacionais da entidade, afirma que
o aumento de convocações
"está dentro da normalidade
de um mercado em crescimento, não está fora do padrão. Aconteceu no mundo
todo e aqui também".
"O que nos preocupa não
são os números de recall,
mas sim a sua ausência. Se
compararmos com outros
países, vemos que não é tanto assim. Na Austrália, a média dos últimos 30 dias foi de
28 a 30 recalls", diz Amaury
Oliva, do DPDC. Para ele, a
tendência de alta no Brasil se
deve ao "aumento do número de produtos e de consumidores e à maturidade do setor
em aceitar que seus produtos
não são infalíveis".
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