São Paulo, sexta-feira, 16 de setembro de 2011

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Empresas revisam mapa para negócios

Grupos modificam critérios de investimento e ampliam número de cidades com potencial para receber unidades

Com avanço da renda e expansão do crédito, municípios com menos habitantes entram no radar de novos projetos

GABRIEL BALDOCCHI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O Brasil cresceu para as empresas. O novo cenário econômico do país, puxado por avanço da renda e expansão do crédito, impulsionou companhias a revisar para baixo critérios de investimento e ampliou o leque de cidades no radar de expansão. Um grupo que antes determinava, por exemplo, uma nota de corte de municípios com mais de 300 mil habitantes para a abertura de novas unidades, hoje considera a entrada em um de 200 mil.
Essa mudança acrescenta 54 novos nomes na lista dos locais com potencial. O critério de população é uma referência, não uma regra fechada, mas serve de ponto de partida na avaliação para abertura de negócios. Fatores como potencial de consumo e habitantes no entorno vêm em seguida nos estudo de viabilidade.
Renner, Kia, MRV e Spoleto, além do setor de shoppings são exemplos da mudança. Mostram também que a alteração não se restringe a apenas a um segmento.
Impulsionada por um agressivo plano de expansão, a Kia considerava, até 2008, cidades com mais de 500 mil habitantes para a instalação de novas concessionárias. A nota de corte passou por duas revisões e, hoje, é estimada em municípios com mais de 180 mil habitantes.
Há representantes em cidades como Petrolina (PE) e Passo Fundo (RS). "O Brasil está crescendo muito, e o poder aquisitivo da população vem acompanhando esse ritmo; (...) surgem a todo momento novas cidades", diz o diretor de vendas da Kia, Ary Jorge Ribeiro.
Grandes nomes do setor também ampliam a presença em mercados menores. O número de cidades com menos de 300 mil habitantes com concessionária de uma das quatro maiores do setor automotivo (Ford, Fiat, Volkswagen e GM) cresceu 35% de 2005 até o início do ano, para 495, de acordo com levantamento da Geografia de Mercado para a Folha.
O crédito dá força a esse processo. É o que explica em boa parte a recente revisão da nota da MRV. A construtora, que antes só olhava para cidades com mais de 200 mil habitantes, passou a considerar as com mais de 100 mil. Passou a considerar, então, 150 novas cidades com potencial para empreendimentos.
"No passado, cidades com menos de 200 mil habitantes tinham um limite de volume", diz o diretor de produção da MRV, Eduardo Fischer. Ele destaca a "força de mercado" do que chama de cidades esquecidas.
Pelo levantamento do setor de veículos, é possível notar também o quanto de Brasil fica de "fora". São 172 as cidades com menos de 50 mil habitantes, de um total de 4.957, com concessionárias.
O setor é um dos que têm maior alcance. Em geral, redes com atuação nacional não costumam considerar locais com menos de 100 mil habitantes.
Sobra para os cerca de 64 milhões de brasileiros que vivem nessas cidades os varejos local e regional ou a necessidade de deslocamento para o consumo.
A redução dos critérios tem contribuído para remodelar o visual das cidades menores. O processo deve continuar, mas há um limite. "Vai depender de cada setor quanto ele consegue se adaptar [a gestão]. Até onde conseguir baixar a régua e isso for satisfatório vai ser baixado", afirma Tadeu Masano, da Geografia de Mercado.


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