São Paulo, sábado, 16 de outubro de 2010 |
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ENTREVISTA PAULO SKAF Cumprir mais um mandato seria uma tendência natural
LÍDER EMPRESARIAL NEGA QUE PERMANÊNCIA NA FIESP REPRESENTE CONTINUÍSMO
DE SÃO PAULO
No comando da Fiesp até
setembro de 2011, Paulo Skaf
diz que a "tendência natural"
é disputar mais um mandato
à frente da Fiesp e do Ciesp.
Folha - Uma das principais reclamações dos setores industriais é que as importações de itens manufaturados têm afetado o equilíbrio da balança comercial. Qual a visão e a atuação da Fiesp em relação a esse problema? Paulo Skaf - A Fiesp não é contra as importações, mas sim contra práticas desleais de comércio, como "dumping", subfaturamento nas importações e produtos piratas. O que temos visto são importações com valores unitários muito baixos, principalmente da China, o que gera competição desleal. Já estamos com deficit na balança de manufaturados da ordem de US$ 44 bilhões até agosto deste ano. As exportações de commodities têm saldo positivo de US$ 40 bilhões. Encaminhamos carta ao ministro Miguel Jorge, na semana passada, pedindo mais agilidade ao governo para que os instrumentos de defesa comercial sejam usados com mais agilidade e eficiência. Não defendemos o protecionismo. Se tem "dumping", tem de sobretaxar. Se tem prática desleal nas importações, tem de impor cotas. [O governo] tem de fazer sem receio, como fazem os outros países. Aqui tem muita cerimônia para adotar essas medidas, leva tempo grande. Alguns setores chegam a falar em desindustrialização. Existe esse risco? O PIB deve crescer entre 7% e 8%, e a produção industrial, em torno de 11%. Os indicadores de 2009 foram bem menores, o que torna a base de comparação baixa. Apesar de o setor industrial estar crescendo, é preciso considerar [a desindustrialização] a médio e longo prazo. Se continuarmos sem reformas estruturais, que deem competitividade, desburocratizem e desonerem, e com essa cultura de juros elevados, vamos continuar perdendo competitividade. Nosso câmbio rouba qualquer competitividade da indústria nacional. Tem de ter um ajuste. O que também ajuda o câmbio é ter juros mais baixos para não atrair capital especulativo e controlar gastos públicos. Esse controle acelera a possibilidade de redução de juros. Deve haver barreiras para a importação? Temos de ter ferramentas de defesa comercial e usá-las como outros países fazem. Faltam ao governo duas coisas. Uma é estrutura técnica para analisar indícios de práticas desleais. A segunda é ter vontade política e coragem para tomar medidas com agilidade. Não pode ter receio. Após a derrota eleitoral para o governo paulista, o sr. ficará no comando da Fiesp? Meu mandato termina no final de setembro de 2011. Pelo estatuto, tenho direito a mais um mandato. Houve adequação no sistema indústria, com mandato que passou para quatro anos. Estou no primeiro mandato de quatro anos na Fiesp, e no Ciesp também. Essa adequação foi boa, porque não "descasa" as entidades. Ninguém gostou do sabor da desunião de presidências distintas. Quanto a cumprir mais um mandato, diria que seria tendência natural. Mas depende da vontade de pessoas e da minha própria. Presidir Fiesp, Ciesp, Sesi e Senai me honra muito. Sinto que há reconhecimento do trabalho. Porque em uma democracia não precisa ter unanimidade, mas, quando você tem 95% [dos votos para comandar a Fiesp], sinto que há quase unanimidade. Pode haver exceções por interesses pontuais ou pessoais ou ainda por algum conflito pontual. Mas diria que tem unanimidade aqui. O continuísmo na entidade lhe preocupa? Isso não me preocupa porque no Ciesp é o primeiro mandato e, na Fiesp, nós renovamos, inovamos e transformamos. Aqui é uma renovação permanente. Por isso não há sensação de continuísmo. Mas repito que essa [ficar na Fiesp mais um mandato] é uma decisão que depende de conversas com setores industriais. Tem muita gente que fala até sobre ministério [no próximo governo]. Nunca pensei nisso, não tenho intenção. O sr recebeu algum convite? Não recebi. Volto a dizer que não é minha intenção. Minha intenção é ficar aqui [comando da Fiesp]. Há informações de que um pequeno grupo de empresários já articula a formação de uma chapa para disputar o comando da federação na próxima eleição. Qual a sua avaliação? Quando você se ausenta, ficam muitas dúvidas. E agora, o Skaf volta? Não volta? Será que ele vai para o governo? Ou não? Será que ele será candidato a prefeito? Essas dúvidas podem suscitar algumas fofocas. Mas o que sinto é que aqui há muita unidade. Fui recebido com muito carinho na semana passada. Não sinto nenhuma iniciativa em nenhum setor de pequenas empresas nem de grandes empresas [em lançar chapa]. Sinto justamente o contrário, mas também não teria nada contra qualquer iniciativa. A tendência, então, é haver chapa única? Acho que a gente está colocando a carroça na frente dos bois. Não há conversas ainda em relação à sucessão. Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Frase Índice | Comunicar Erros |
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