São Paulo, sábado, 16 de outubro de 2010

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BC dos EUA promete mais intervenção

Compra de títulos visa aumentar a liquidez do mercado, para estimular o crédito e a recuperação econômica

Presidente do Fed não revela detalhes sobre a magnitude e o ritmo de quaisquer novas aquisições de papéis

SEWELL CHAN
DO "NEW YORK TIMES", EM BOSTON

Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), removeu ontem quaisquer dúvidas que ainda persistiam quanto às próximas ações da instituição para fortalecer a morna recuperação econômica do país.
O impacto mais provável da retomada da vasta aquisição de títulos da dívida pública, medida cujo objetivo é reduzir as taxas de juros de longo prazo, se estenderia para bem além dos EUA.
Ao contribuir para a queda do dólar, complicaria a já grave disputa cambial, que ameaça perturbar as relações mundiais de comércio, e, segundo alguns economistas, colocaria mais pressão sobre mercados emergentes -provável destino do excesso de dinheiro nos EUA.
Para a maioria dos americanos, isso provavelmente significará queda ainda maior nas taxas de juros hipotecários. As medidas não ajudariam os poupadores, já que os rendimentos dos certificados de depósitos e títulos de poupança também provavelmente cairiam.
Mas o Fed crê que tornar o crédito ainda mais barato encoraje empresas e consumidores a tomar empréstimos e gastar, aliviando a situação dos desempregados.
Em discurso durante conferência econômica em Boston, Bernanke disse que "medidas heterodoxas têm custos e limitações que precisam ser considerados". Mas sugeriu que o Fed estava preparado para administrar os riscos de novas aquisições em larga escala desses títulos.
"Uma desvantagem da aquisição de ativos, se comparada à política monetária convencional, é que temos muito menos experiência na avaliação dos efeitos, o que faz da determinação do volume e do ritmo corretos de compras, e da comunicação dessa resposta ao público, um sério desafio", disse.
Os comentários de Bernanke sugerem fortemente que o Comitê Federal de Open Market, responsável pela política monetária, deverá tomar novas medidas em sua próxima reunião, nos dias 2 e 3 de novembro.

BALANÇO
O balanço do Fed quase triplicou (para cerca de US$ 2,3 trilhões), desde a crise financeira de 2008. A maior parte pode ser atribuída à aquisição de US$ 1,7 trilhão em títulos lastreados por hipotecas e papeis do Tesouro.
Para decepção de alguns analistas de Wall Street, Bernanke não revelou detalhes sobre a magnitude e o ritmo de quaisquer novas aquisições de títulos da dívida.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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