São Paulo, quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

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ANÁLISELEITE

Reprodução, uma falha no rebanho leiteiro brasileiro

MARCO AURÉLIO BERGAMASCHI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Apesar dos conhecidos progressos técnicos e gerenciais apresentados pela pecuária leiteira brasileira nos últimos anos, vários gargalos de ineficiência ainda persistem na maior parte dos criadores.
Isso faz com que as médias de alguns indicadores econômicos apresentem pouco ou nenhum avanço, ao mesmo tempo em que o país dispõe de apenas parte dos criatórios com altos índices de produtividade e leite de boa qualidade.
Um dos pontos de estrangulamento técnico do setor leiteiro nacional é a baixa eficiência reprodutiva do rebanho bovino.
Longe de afetar apenas a reprodução -o que já seria motivo de preocupação-, o manejo reprodutivo deficiente reduz o volume de produção do leite e a sua produtividade.
No Brasil, cerca de 90% das vacas são acasaladas diretamente pelos touros, por meio da monta natural, com apenas 10% de uso da inseminação artificial.
Em países de produção leiteira moderna, o processo de inseminação artificial é utilizado em larga escala.
Outro aspecto negativo em nosso país é a avaliação dos touros reprodutores, que têm uma reprovação de 50% no exame andrológico -teste que apura a qualidade e a eficiência dos machos na reprodução.

MAIS TECNOLOGIA
Para melhorar essa situação, é preciso avançar mais ainda na adoção de tecnologias e bom gerenciamento.
A avaliação da eficiência reprodutiva é complexa e exige exames específicos, feitos por médicos veterinários, além de escrituração dos eventos reprodutivos (data de nascimento, cio, acasalamentos, parições) e controle leiteiro.
Esses procedimentos vão identificar transtornos e doenças no sistema reprodutivo, como também diagnosticar e acompanhar a gestação.
Assim, o produtor poderá selecionar os animais de interesse e descartar os de menor potencial produtivo em seu rebanho.
Não se pode esquecer ainda que, como em qualquer sistema de produção, é necessário cuidar bem de todos os outros aspectos, como sanidade, manejo geral, bem-estar dos animais e, principalmente, nutrição. De nada adiantará a adoção de um bom manejo reprodutivo se a nutrição dos animais estiver fora dos padrões recomendados.
Só ocorrerá atividade cíclica ovariana com as vacas em balanço energético positivo, ou seja, com os animais ingerindo mais energia do que o necessário para a sua manutenção e produção.
O conforto dos animais, com acesso a áreas sombreadas, com bebedouros e abrigos adequados, contribui para o controle do estresse térmico, o que favorece a concepção e a manutenção da gestação.

MARCO AURÉLIO BERGAMASCHI é médico veterinário, doutor e supervisor do sistema de leite da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, São Paulo).


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