São Paulo, segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

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ANÁLISE

Setor precisa investir em inovação para ter competitividade no mercado global

ANA CRISTINA RODRIGUES
SÍLVIA MARIA GUIDOLIN
ESPECIAL PARA A FOLHA

A indústria de calçados sempre teve relevância para a economia brasileira, com geração de emprego e renda nos diferentes polos produtivos espalhados pelo país. Nos últimos anos, esse setor tem sofrido com a competição de produtos asiáticos nos mercados interno e externo.
O mercado interno, que consome a maior parte da produção nacional, tem sustentado a indústria calçadista brasileira, apesar do crescimento das importações.
As exportações, por sua vez, têm sofrido forte pressão no mercado externo, dados a citada concorrência asiática e o câmbio valorizado.
Nesse contexto, o setor deve combinar duas estratégias principais para aumentar competitividade:
1) desenvolver produto, investindo em design, qualidade, criação e introdução de novos materiais e componentes;
2) desenvolver marcas nacionais, controlar distribuição e gerenciar a cadeia de fornecedores.
Apesar do desenvolvimento expressivo alcançado por alguns grupos nacionais, a maior parcela da indústria não tem cultura de "concepção de produto", mas de "fabricação", ou seja: a empresa recebe um projeto e o fabrica de acordo com as especificações. Há pouco investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação.
A ampliação da interface entre indústria calçadista e fornecedores é fundamental, pois as inovações no setor são, na maior parte, provenientes de indústrias como química e bens de capital -eletrônica, biomecânica e nanotecnologia permitem agregar novas funcionali- dades e características ao calçado.
Nesse sentido, destacam-se iniciativas como o Inspiramais, salão de design e inovação realizado pela Assintecal (Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos), e o programa de ações promocionais Brazilian Footwear, coordenado pela Abicalçados em parceria com a Apex.
É preciso ainda aproveitar as oportunidades abertas com a Copa-2014 e a Olimpíada de 2016. Os eventos representam uma excelente oportunidade para que o mundo conheça e valorize o calçado nacional.
Dessa forma, apesar da fragilidade apresentada pela indústria nos últimos anos, o Brasil tem condições de se manter como uma das forças no mercado internacional de calçados.
Precisa, para tanto, agregar valor aos seus produtos, visando uma inserção competitiva no mercado global.

ANA CRISTINA RODRIGUES e SÍLVIA MARIA GUIDOLIN são gerente e economista do Departamento de Bens de Consumo, Comércio e Serviços do BNDES.


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