São Paulo, domingo, 17 de abril de 2011

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Concursos agitam arquitetura no Rio

Em um país que tem 10 disputas por ano, cidade já conta 6 competições desde 2009 e vira referência na área

Reivindicação dos arquitetos, que terão conselho separado do Crea, é que sistema seja norma em obra pública


CLAUDIA ANTUNES
DO RIO

Uma série de concursos de projetos, parte deles para obras públicas, dinamizou o mercado de arquitetura e urbanismo no Rio e começa a fazer da cidade uma referência nacional na área.
Desde 2009, foram 6 concursos -a média anual nacional é de 10, segundo Fabiano Sobreira, professor do Centro Universitário de Brasília que estuda o tema.
Em breve, será divulgado o edital do sétimo, para o Parque Olímpico. A disputa será internacional e aberta, ao contrário das realizadas para a nova sede do Museu da Imagem e do Som, em Copacabana, e para a remodelação da Marina da Glória, feitas por carta-convite.
"Sem dúvida, o mercado cresceu. E os projetos não envolvem só arquitetos, mas engenheiros, topógrafos e até sociólogos", diz Luiz Fernando Junot, professor da UFRJ e jurado do Morar Carioca, que recém-selecionou 40 trabalhos para urbanizar favelas da cidade.
A remuneração da execução dos projetos se baseia em um percentual do custo do empreendimento, variando de 3% a 7% -o Rio se destaca também pelo valor das obras.
O Porto Olímpico, por exemplo, deve movimentar R$ 7,5 bilhões. Mais de 80 equipes se inscreveram na disputa nacional do projeto.
O maior prêmio é de R$ 80 mil. O Instituto dos Arquitetos do Brasil recomenda que os quatro primeiros colocados sejam contratados.
No caso do Morar Carioca, a contratação dos 40 vencedores estava prevista no concurso para sua fase 2, orçada em R$ 2,7 bilhões e que pretende beneficiar 89 mil moradias em favelas até 2016.
Segundo o secretário municipal da Habitação, Jorge Bittar, as equipes serão chamadas em três etapas, começando neste mês. Os contratos somam R$ 112,5 milhões -valor de quase 23 mil salários de arquitetos, pelo piso de R$ 4.905 para oito horas.
"Houve concursos no Favela Bairro [anos 90], mas nada dessa dimensão. Faz diferença na qualidade da intervenção", diz Bittar.

CONSELHO
Concursos para projetos de obras públicas são antiga reivindicação de arquitetos e de urbanistas -a Lei de Licitações recomenda, mas não determina sua realização.
Além de criar oportunidades profissionais, o argumento é que o método melhora a qualidade e a transparência da obra, pois o valor é fixado antes da execução, o que diminui os aditivos.
"Não podemos comprar uma ideia nova em concorrência pelo menor preço. A edificação pobre passa a ideia de desatenção", diz José Eduardo Tibiriçá, da Asbea (Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura).
A categoria ressalta que o Brasil ainda está longe da União Europeia, onde concursos são obrigatórios para obras acima de 130 mil (R$ 298 mil). Na França, há mais de mil por ano.
O Brasil tem cerca de 90 mil arquitetos. Até o final do ano, eles terão um conselho próprio, o CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo).
Por lei sancionada em dezembro, a classe deixará o sistema Confea/Crea, onde era minoria entre engenheiros e agrônomos.


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