São Paulo, terça-feira, 17 de maio de 2011

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Qualidade custaria R$ 50 bilhões às teles

Valor teria de ser investido para dobrar total de antenas ativas e nivelar serviço de celular com a Europa e os EUA

País tem hoje uma antena a cada 169 km2; com área muito menor, Reino Unido tem uma antena a cada 4 km2


JULIO WIZIACK
TATIANA RESENDE

DE SÃO PAULO

Para resolver os problemas de qualidade, as operadoras de celular teriam de investir R$ 50 bilhões para dobrar o número de antenas, que hoje somam 50,3 mil.
A estimativa foi feita à Folha por um dos principais executivos da maior concessionária de telefonia do país, que não quis se identificar.
No Reino Unido, cuja área equivale a 3% da brasileira, há mais antenas (57 mil). Lá, existe uma a cada 4 km2. Nos EUA, há uma a cada 37 km2. No Brasil, essa média é de uma torre a cada 169 km2.
A qualidade do sinal não depende só do número de antenas. Também varia com a quantidade de clientes em torno delas e com a capacidade de escoamento do tráfego dos sinais entre as antenas e as centrais das operadoras -algo que depende da capacidade dos cabos que as mantêm conectadas.
Nos países desenvolvidos, o escoamento é mais rápido porque as ligações são feitas por fibras ópticas. No Brasil, as operadoras estão trocando cabos antigos por fibras.
As operadoras planejavam adiar esses investimentos porque fizeram aportes pesados desde 2008, quando adquiriram as primeiras licenças de 3G.
Esses investimentos ainda não foram amortizados e elas já terão de investir mais na migração para o 4G, que deverá entrar em funcionamento primeiramente nas cidades da Copa, em 2014.

GARGALO
O problema é que elas foram surpreendidas pelo crescimento da internet móvel no país -acima da média mundial-, que vem pressionando por novos investimentos.
Resultado: algumas operadoras já enfrentam problemas, principalmente no Nordeste, devido ao aumento do poder de consumo.
No início deste ano, a TIM chegou a ser proibida pela Justiça Federal de vender novas assinaturas ou habilitar linhas no Rio Grande do Norte até que comprovasse "a instalação e o perfeito funcionamento dos equipamentos" para prestar os serviços.
Vivo, Claro e Oi também subavaliaram a demanda naquela região, mas não chegaram a ter problemas na rede.

MAIS UM
Na Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), o volume de reclamações por qualidade de sinal, cobertura ou defeitos dobrou nos últimos anos e hoje já responde por quase 5% do total das reclamações registradas.
Com a venda das últimas licenças nacionais de 3G para a Nextel, no final de 2010, a Anatel espera que pelo menos 7.000 novas antenas sejam instaladas.
A empresa anunciou investimentos de R$ 5 bilhões, mais do que realizou até agora. Consultores ouvidos pela Folha afirmam que, com esse investimento, a operadora não conseguirá cumprir a meta da agência.
A Nextel não quis comentar seu plano de investimento. Hoje, a empresa tem cerca de 3.500 antenas no país.


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