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COMMODITIES
Empresários brasileiros vão à África plantar soja e algodão
Atrativos são o baixo custo de produção e a proximidade com mercados da Europa e da Ásia
Para atrair investidores, governos oferecem isenção tributária
e boas condições
de financiamento
ESTELITA HASS CARAZZAI
LUIZA BANDEIRA
DE SÃO PAULO
Depois da investida de chineses e coreanos, as pouco
exploradas terras da África
ganharam novos investidores: os brasileiros.
Atraídos pelo baixo custo
de produção, pela proximidade com os mercados da
Europa, da Ásia e do Oriente
Médio e pelo baixo preço da
terra, empresários rurais brasileiros estão indo ao continente plantar algodão, soja,
milho e outros produtos.
O Brasil já tem forte presença no setor de infraestrutura na África, mas o investimento em plantações é recente e vem se intensificando
nos últimos anos.
No final deste mês, o grupo mato-grossense Pinesso
irá começar a plantar algodão e soja no Sudão em parceria com uma empresa sudanesa. A expectativa é plantar 100 mil hectares nos próximos quatro anos.
O Sudão também receberá, em julho, uma comitiva
de produtores brasileiros de
soja, que terão conversas iniciais com o governo local, informa a Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja
de Mato Grosso).
Na mesma época, outra
comitiva irá à Etiópia e à
Mauritânia, também a convite dos governos locais, para
negociar o cultivo de milho.
Empresas brasileiras já estão em pelo menos outros
seis países da África, cultivando cana-de-açúcar e arroz.
Outras investem em tecnologia agrícola, como a Irriger,
que implanta sistemas de irrigação no Sudão desde
2008. Convidada pelo governo, a companhia desenvolve
projetos em fazendas de milho, soja, algodão e cana.
Os governos locais oferecem incentivos como isenção
tributária e boas condições
de financiamento para atrair
investimentos estrangeiros.
FRONTEIRA AGRÍCOLA
A savana africana é tida
como "o novo cerrado" para
a FAO (braço das Nações Unidas para a agricultura e a alimentação). Segundo a organização, a região pode se tornar um centro mundial de
produção de grãos e alimentos, já que apenas 10% de sua
área agricultável é utilizada.
"A África tem solos férteis,
mas falta tecnologia. E isso
os brasileiros têm como poucos", diz Gilson Pinesso, diretor do grupo Pinesso, que
foi procurado pelo governo
sudanês para plantar algodão no país.
Por causa da fertilidade do
solo e da menor ocorrência
de pragas, Pinesso estima
que irá gastar apenas
US$ 850 por hectare -menos
da metade dos US$ 1.850 de
que precisa no Brasil.
"Eles não são bobos", analisa José Rezende, sócio da
PriceWaterHouse Coopers.
"Do mesmo jeito que saíram
do Sul, onde a terra estava
cara, e foram para o Centro-Oeste, agora estão vendo
oportunidades na África."
O presidente da Câmara de
Comércio Árabe Brasileira,
Michel Alaby, diz que investir em países africanos pode
ser vantajoso pela proximidade com grandes mercados
consumidores, como Egito e
Arábia Saudita. De acordo
com ele, esses países importam, em alimentos, até
US$ 70 bilhões por ano.
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