Pequenos comerciantes estão se valendo da revolução da mídia social para impulsionar as vendas

ÀS 6H de um sábado frio no bairro do Brooklin Novo, em São Paulo, Elias Freire Jr. se preparava para abrir a DeliCake, sua loja que vende a versão mais saudável de cupcakes -bolinhos confeitados que são um sucesso nos Estados Unidos.
Enquanto os toques finais estavam sendo aplicados aos bolinhos, Elias pegou seu celular e completou um passo comum em sua rotina matinal. Tuitou aos seus clientes: os DeliCakes estarão disponíveis em uma hora.
Como Elias, milhares de pequenos comerciantes estão se valendo da revolução da mídia social. Por meio de novos canais de comunicação e modelos de compras, o empresário é capaz de alavancar suas vendas de forma eficiente, melhorar seu produto para atender os gostos do consumidor e otimizar em tempo real sua operação no contexto do consumidor e do mercado.
O alto nível de confiabilidade da informação que a comunicação boca a boca oferece atinge larga escala e é potencializado ao extremo pelas redes sociais. Quando Elias atualiza a página do DeliCake no Facebook, centenas de pessoas visualizam a novidade e compartilham com seus amigos com um simples clique do mouse. Com essa transmissão rápida e eficiente, Elias faz com que seus consumidores divulguem seu produto em uma escala muito maior do que já foi possível, sem pagar nada.
A revolução social da web causa grande impacto nos velhos modelos de compras on-line. Lancei o PeixeUrbano.com para trazer ao Brasil a compra coletiva, modelo inovador de e-commerce que tem tido muito êxito nos EUA e na Europa. Por meio da compra coletiva, usuários têm a oportunidade de usufruir de promoções, contanto que um número mínimo de pessoas façam a compra -algo que só é possível devido ao crescimento da web social.
Para Elias, a promoção no Peixe Urbano aumentou suas vendas em 30%. Tudo isso devido ao boca a boca gerado por compradores inseridos nessa revolução social do e-commerce.
A web social ajuda o comerciante a participar de forma autêntica e transparente das conversas que os consumidores estão tendo sobre sua marca. Com esse feedback em tempo real, o comerciante pode melhorar seus produtos para atender os gostos e as exigências do consumidor. Uma enquete que levava semanas e muito dinheiro para ser realizada hoje pode ser feita em uma hora por meio de uma página no Facebook.
Serviços baseados em localização e tempo real têm sido um dos temas mais quentes no Vale do Silício neste último ano. Do ponto de vista do comerciante, esses serviços ajudam a promover o negócio de forma contextual -baseado ou no contexto do consumidor (por exemplo, no seu local naquele instante) ou no contexto do negócio (se um restaurante estiver vazio, por exemplo).
Voltando a Elias, visando uma tarde com público menor do que o esperado, ele aproveita o Twitter para oferecer ofertas exclusivas e atrair pessoas naquele momento para dentro da DeliCake. Nos EUA, o aplicativo FourSquare permite que usuários recebam descontos de estabelecimentos próximos sempre que o usuário compartilha sua localização com seus amigos por meio do seu telefone celular. Com o FourSquare, estabelecimentos compartilham promoções exclusivas baseadas no contexto do consumidor -nesse caso, alguém que está perto do local.
Acredito que, à medida que o mundo digital se torna mais aberto e social e novos paradigmas de interação revolucionam antigos modelos, veremos uma transformação total em como descobrimos e interagimos com negócios do nosso bairro. Fico muito satisfeito de ver pequenos comerciantes como Elias utilizando ferramentas sociais para alavancar seu negócio no dia a dia. Com esses recursos, seu negócio cresce e é capaz de conhecer como nunca antes o perfil de seu público.

JULIO VASCONCELLOS, 29, economista, é fundador e presidente-executivo do site de compras coletivas Peixe Urbano e gerente para o Brasil do Facebook. Passa a escrever às quintas, mensalmente, nesta coluna.
julio.folha@yahoo.com