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mercado em cima da hora
Portugal Telecom tenta barrar Telefónica
Portugueses dizem que proposta espanhola para reunião de acionistas chegou atrasada
JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO
Uma discussão jurídica
pode impedir uma manobra
da Telefónica para tentar "seduzir" os acionistas da PT
(Portugal Telecom) a votarem pela venda de sua participação na Vivo aos espanhóis por 6,5 bilhões.
A reunião para decidir sobre essa oferta ocorre no próximo dia 30 e mais da metade
dos acionistas precisa concordar em abrir mão da Vivo.
Os acionistas majoritários,
que formam o "núcleo duro"
da PT, são contrários à venda
e vêm tentando convencer os
demais investidores (que detêm 72% das ações da operadora portuguesa) a negar a
atual proposta da Telefónica.
Segundo eles, a oferta ainda não reflete os ganhos futuros da Vivo. Ainda segundo
eles, o lance aceitável seria
de cerca de 7,5 bilhões.
Para tentar não elevar sua
oferta, os espanhóis valeram-se de uma artimanha há
três dias. Como sócios da PT,
eles enviaram uma proposta
ao presidente da assembleia
de acionistas da operadora
pedindo que vote na reunião
do dia 30 a alteração das regras de pagamento de dividendos da PT.
Hoje, a remuneração corresponde a 0,575 por ação.
A proposta da Telefónica é
elevá-la para, no mínimo,
1,575 se a oferta de compra
da Vivo for aceita.
Dessa forma, a Telefónica
garantiria aos acionistas minoritários que eles receberão
uma parte dos 6,5 bilhões
ofertados pela Vivo.
Caso essa alteração não seja feita, não haverá, necessariamente, a distribuição de
lucros, que, se estima, poderá chegar a 900 milhões.
CONTRA-ATAQUE
Para barrar a ofensiva espanhola, os portugueses alegaram que a proposta da Telefónica sobre os dividendos
chegou atrasada à mesa da
assembleia de acionistas.
A confusão se explicaria
com um suposto conflito entre duas leis vigentes no país.
Segundo o Código de Sociedades Comerciais de Portugal, a proposta deveria ter sido enviada em até cinco dias
úteis após a divulgação da
convocação da assembleia.
Por essa regra, a Telefónica
teria cumprido o prazo.
Mas um decreto que vale
para a União Europeia diz
que os cinco dias úteis contariam a partir da convocação
da assembleia (e não de sua
divulgação ao mercado). Por
essa regra a Telefónica teria
atrasado dois dias.
Os espanhóis afirmam que
não há diferença entre "convocação" e "divulgação da
convocação". Será com base
nessa discussão que os acionistas que esperam um aumento de oferta da Telefónica pela Vivo se sustentará
nos próximos dias.
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