São Paulo, sexta-feira, 17 de junho de 2011

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Casino eleva fatia e acirra disputa no Pão de Açúcar

Franceses compram US$ 363 mi em ações após levar disputa a árbitros

Mercado viu recado de que o grupo Casino não desistirá do negócio e de que vai exercer o direito de controlar a varejista

TONI SCIARRETTA
CLAUDIA ROLLI
DE SÃO PAULO

O grupo francês Casino, que divide o comando do Pão de Açúcar com o empresário Abilio Diniz, comprou US$ 363 milhões em ações preferenciais (sem direito a voto) na Bolsa e ampliou sua participação na rede varejista brasileira.
A operação acontece duas semanas após o grupo francês levar uma disputa societária com o empresário Abilio Diniz para uma câmara internacional de arbitragem.
O argumento usado é que o empresário brasileiro desrespeitou o acordo de acionista após ter sondado o concorrente Carrefour, sem o seu conhecimento, para uma possível fusão no Brasil.
O Casino teme que a aproximação de Diniz com o Carrefour seja uma tentativa de trocar o principal sócio estrangeiro, um ano antes de Abilio Diniz ceder o comando da varejista ao grupo francês, conforme previsto em acordo de acionistas.
Em 2006, Abilio Diniz vendeu o controle da varejista ao Casino, que passou a ter o direito de exercer a virada no comando a partir de junho de 2012, pagando simbolicamente R$ 1 por um único papel do grupo.
À época, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) entendeu o negócio como a venda definitiva de controle e exigiu a realização de uma oferta aos acionistas minoritários que quisessem sair do Pão de Açúcar.
Com a compra dos papéis nos últimos dias, o Casino elevou sua participação de 33,7% para 37% do capital do Pão de Açúcar.
Apesar de não alterar o controle, a compra foi vista por analistas como um "recado" do Casino ao mercado brasileiro de que não pretende sair do negócio e que usará de todos os direitos previstos em acordo para exercer o comando do grupo a partir de 2012.

VALOR DAS AÇÕES
Nas últimas semanas, a publicidade em torno do caso teve forte impacto no valor das ações do Pão de Açúcar, permitindo que o Casino comprasse os papéis com preço menor do que o negociado antes da disputa.
A aquisição, porém, vem sendo feita de forma discreta há cerca de um mês, segundo a Folha apurou. Consultada, a CVM preferiu não se pronunciar sobre o caso.
Ontem, as ações PN do Pão de Açúcar recuaram 1,1% e nos últimos 30 dias, 3,5%.
"Em tese, numa sociedade anônima, o que é normal é que as duas partes emitam comunicado, assinando em conjunto essa compra de ações", diz André de Almeida, advogado especializado em direito internacional, na área financeira e em fusões e aquisições.
"Causa estranheza só uma das partes ter assinado o comunicado, dentro do contexto das últimas semanas."


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