São Paulo, sexta-feira, 17 de junho de 2011

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ANÁLISE COMBUSTÍVEIS

Crescimento e tecnologia são prioridades para a bioenergia

JOSÉ CARLOS GRUBISICH
ESPECIAL PARA A FOLHA

A cidade de São Paulo sediou, na semana passada, um dos principais eventos do mundo voltados para os biocombustíveis, o Ethanol Summit 2011, realizado pela Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar).
O evento foi uma oportunidade para reunir diversos agentes da cadeia da bioenergia: fornecedores, produtores, distribuidoras, instituições financeiras, órgãos reguladores e governo.
Foi importante momento de reflexão para avaliar o desenvolvimento do setor (um sucesso nos últimos anos) e identificar caminhos para superar o desafio de crescimento na próxima década.
Houve um alinhamento entre os atores da cadeia de bioenergia no sentido de que o setor precisa de um novo ciclo de investimentos para expandir a capacidade produtiva, agrícola e industrial, e elevar a oferta de etanol.
Além da implantação de novas unidades -modernas, competitivas, sustentáveis e integradas na cogeração de grandes volumes de energia elétrica-, ficou claro que o aumento da produção não se dará apenas de forma quantitativa, mas, sobretudo, com ganhos de eficiência em todas as etapas de produção.
Sob essa ótica, ganham força as empresas e os institutos de pesquisa que dedicam recursos e esforços no desenvolvimento de novas tecnologias.
Nos próximos anos, essas tecnologias permitirão elevar substancialmente a produtividade dos nossos canaviais, além de disponibilizar, a partir da biomassa, biocombustíveis de segunda e terceira gerações e outros produtos de maior valor agregado.
Essa visão sobre o potencial do etanol está alinhada com o "Plano Decenal de Expansão da Energia 2020", divulgado pelo Ministério de Minas e Energia na semana passada.
O PDE prevê aumento da demanda anual por etanol dos atuais 27 bilhões para 73 bilhões de litros em 2020, sendo 66 bilhões destinados ao mercado interno e 7 bilhões ao externo, principalmente para EUA e Europa.
Nesse contexto, o PDE prevê, para os próximos dez anos, aumento da participação da energia de biomassa (etanol e energia elétrica) na matriz energética brasileira, passando de 18% para 22%, e se consolidando como a segunda mais importante fonte de energia do país.
Essa visão positiva compartilhada pelos participantes do Ethanol Summit, somada à recente decisão de delegar a supervisão do setor à Agência Nacional do Petróleo, deve estimular um profundo diálogo entre governo e iniciativa privada.
O objetivo é que o Brasil crie as condições que permitam que esse novo ciclo de investimentos seja realizado de imediato.
Outra importante observação é que não existe nenhuma limitação objetiva para que o Brasil lidere a produção de biocombustíveis.
Hoje, a cultura da cana ocupa apenas 2,5% das terras aráveis do país, livre do falso dilema entre energia e alimentos.
Novas fronteiras agrícolas receberão a expansão dos canaviais e, nesse contexto, torna-se fundamental que o investimento já anunciado no alcoolduto atenda rapidamente as regiões produtoras no Centro-Oeste.
As conclusões do Ethanol Summit são excelentes notícias para os brasileiros.
Os investimentos nos próximos dez anos poderão atingir entre R$ 80 bilhões e R$ 100 bilhões, gerando empregos qualificados, desenvolvendo tecnologia e contribuindo com o planeta por meio de um combustível limpo, renovável e competitivo.

JOSÉ CARLOS GRUBISICH é presidente da ETH Bioenergia.


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