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BB e Caixa privilegiam dez empresas
Grandes credores detêm 10% do crédito, taxa acima dos bancos privados; concentração aumentou a partir de 2008
Petrobras fica com 4% dos recursos da Caixa, com dívida de R$ 6 bi; BB diz que número está abaixo de regra do BC
EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA
Os dois maiores bancos federais destinam cerca de
10% dos empréstimos para
dez empresas, uma concentração acima da verificada no
setor privado.
A Caixa Econômica Federal, por exemplo, direciona
quase 4% de todos os seus recursos para uma única empresa, a Petrobras. Antes da
piora na crise financeira de
setembro de 2008, o principal devedor do banco ficava
com menos de 1%, mesmo
patamar de hoje nos grandes
bancos privados.
O aumento nesse período
se deve a dois empréstimos
no valor de R$ 2 bi, feitos no
final de 2008 e em junho deste ano, à empresa estatal,
que possui hoje dívida de
quase R$ 6 bi no banco. Nos
dois maiores privados, o
maior devedor tem empréstimos pouco acima de R$ 2 bi.
O balanço da Caixa mostra
que os dez maiores devedores do banco respondiam por
10% da sua carteira em junho
deste ano, mais que os 4,4%
verificados antes da crise. Em
termos absolutos, o valor está pouco acima do verificado
no setor privado, pois a carteira da Caixa é menor.
O Banco do Brasil, mesmo
antes da crise, já possuía
uma concentração alta de recursos em uma única empresa. Hoje, o maior devedor
tem uma dívida de quase
R$ 10 bilhões, cerca de 3% da
carteira total. Os dez maiores
ficam com quase R$ 30 bilhões, quase o dobro dos
maiores bancos privados.
Reportagem da Folha
mostrou que duas estatais e
dez grupos privados ficaram
com grande parte do crédito
do BNDES desde 2008. Segundo o banco, 28% do crédito foi para os dez maiores
clientes.
Caixa e BB negam política
para privilegiar poucas empresas, atribuem o aumento
de concentração à crise e dizem que isso não prejudicou
companhias de menor porte.
"As pequenas empresas
têm a sua demanda de crédito atendida, dentro da análise de risco", disse o vice-presidente de controle e risco da
Caixa, Marcos Vasconcelos.
Segundo ele, os empréstimos à Petrobras foram baseados em critérios técnicos,
com taxas de mercado, e não
há problema em ter operações concentradas em uma
empresa com uma das melhores classificações de risco.
Vasconcelos disse também que a Caixa possuía
uma carteira de crédito para
pessoas jurídicas incipiente
até 2007 e que, após o primeiro empréstimo à Petrobras,
outras grandes empresas
passaram a procurar a instituição. Além disso, diz, os recursos emprestados foram
captados no mercado.
O diretor de Crédito do BB,
Walter Malieni, diz que os
percentuais de concentração
estão abaixo do fixado pelo
BC, mesmo no caso de empresas que tiveram os limites
elevados nos últimos anos.
Segundo Luiz Miguel Santacreu, da Austin Rating,
concentração não é saudável. "Todo mundo trabalha
com Petrobras, mas não nessa magnitude."
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