|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Educação atrai investidor estrangeiro
Desde 2006, grupos de outros países investiram R$ 2,6 bilhões no setor, segundo cálculo da consultoria Hoper
Consultoria aponta que empresas e fundos têm mais R$ 4,4 bi para aplicar em fusões e aquisições no Brasil
MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO
O cenário de crescimento
econômico acelerado, carência de mão de obra qualificada, baixa qualidade da educação básica e enorme demanda reprimida por ensino
superior atrai cada vez mais
investimentos externos para
a educação brasileira.
Segundo cálculo da consultoria Hoper, os estrangeiros já investiram R$ 2,6 bilhões desde 2006, por meio
dos grupos educacionais
Laureate, DeVry, Whitney,
Pearson e Santillana, além
dos fundos de investimento
Advent International, Capital Group e Cartesian Group.
E os segmentos que mais
têm atraído esse capital são o
ensino superior, os sistemas
de ensino (que oferecem material didático e metodologia
estruturada para escolas) e o
ensino a distância.
A consultoria calcula que
empresas e fundos nacionais
e estrangeiros dispõem hoje
de R$ 4,4 bi para investir em
fusões e aquisições no Brasil.
Em 2010, o setor já movimentou pelo menos R$ 1,6 bi
em fusões e aquisições, afirma Ryon Braga, da Hoper.
Laureate, DeVry e Whitney
-os três grupos universitários estrangeiros que já fincaram os pés no Brasil- afirmam abertamente: querem ir
às compras e estão ativamente atrás de novas aquisições.
Estão de olho no grande
potencial de crescimento do
mercado: são 7 milhões de
pessoas formadas no ensino
médio, mas sem acesso à universidade, afirma Braga.
Mais 1 milhão engrossa esse grupo a cada ano, estima.
E não faltam universidades
para serem compradas. Existiam aqui 2.243 instituições
privadas de ensino superior
em 2009, com metade dos 7,4
milhões de vagas ociosa.
PRIORIDADE
Segundo o presidente da
Laureate no Brasil, Luiz Lopez, o país é a prioridade da
companhia e o objetivo é
crescer em todas as regiões.
O grupo -que tem nove
instituições no Brasil, incluindo Anhembi Morumbi-
só não atua no Centro-Oeste.
"Há grande população jovem no Brasil e muito otimismo econômico para os próximos 20 anos. É preciso ter
uma população educada para sustentar o crescimento."
A DeVry, que em 2009 adquiriu universidades em Salvador e Fortaleza, espera em
um ano ampliar sua presença no Brasil adquirindo uma
instituição de grande porte
no Sudeste, com mais de 15
mil alunos ou faturamento
de R$ 100 milhões.
Também estão nos planos
da DeVry comprar empresas
de até 5.000 alunos no Norte
e no Nordeste.
"Queremos executar esse
plano o mais rápido possível.
A DeVry tem centenas de milhões de dólares para investir
em emergentes e o Brasil é
onde isso está mais avançado", diz o presidente do grupo no Brasil, Carlos Degas.
A Whitney, dona da Unijorge, em Salvador, procura
empresas de médio porte para aquisição em todo o país.
O grupo está mudando seu
nome globalmente para
American University System.
Mas, assim como a Laureate e a DeVry, o CEO da Whitney no Brasil, João Arinos,
ressalva: o grupo não quer
crescer a qualquer custo e
busca grupos de prestígio.
Especialistas também
apontam Anhanguera, Kroton, Estácio e SEB como consolidadoras do setor. São empresas de capital aberto, originalmente brasileiras, mas
cujas ações pertencem majoritariamente ou em grande
parte a fundos estrangeiros.
Marcos Boscolo, sócio da
KPMG Brasil, lembra que as
quatro tinham em março
R$ 680 milhões em caixa.
"Este é um ano de retomada de aquisições no setor. Há
dois fundos analisando ativos em contato conosco, um
nacional e um estrangeiro."
Texto Anterior: CVM investiga alta de ações no dia do anúncio Próximo Texto: Cai o ritmo de crescimento do ensino superior Índice
|