São Paulo, terça-feira, 17 de agosto de 2010

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Educação atrai investidor estrangeiro

Desde 2006, grupos de outros países investiram R$ 2,6 bilhões no setor, segundo cálculo da consultoria Hoper

Consultoria aponta que empresas e fundos têm mais R$ 4,4 bi para aplicar em fusões e aquisições no Brasil

MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO

O cenário de crescimento econômico acelerado, carência de mão de obra qualificada, baixa qualidade da educação básica e enorme demanda reprimida por ensino superior atrai cada vez mais investimentos externos para a educação brasileira.
Segundo cálculo da consultoria Hoper, os estrangeiros já investiram R$ 2,6 bilhões desde 2006, por meio dos grupos educacionais Laureate, DeVry, Whitney, Pearson e Santillana, além dos fundos de investimento Advent International, Capital Group e Cartesian Group.
E os segmentos que mais têm atraído esse capital são o ensino superior, os sistemas de ensino (que oferecem material didático e metodologia estruturada para escolas) e o ensino a distância.
A consultoria calcula que empresas e fundos nacionais e estrangeiros dispõem hoje de R$ 4,4 bi para investir em fusões e aquisições no Brasil.
Em 2010, o setor já movimentou pelo menos R$ 1,6 bi em fusões e aquisições, afirma Ryon Braga, da Hoper.
Laureate, DeVry e Whitney -os três grupos universitários estrangeiros que já fincaram os pés no Brasil- afirmam abertamente: querem ir às compras e estão ativamente atrás de novas aquisições.
Estão de olho no grande potencial de crescimento do mercado: são 7 milhões de pessoas formadas no ensino médio, mas sem acesso à universidade, afirma Braga.
Mais 1 milhão engrossa esse grupo a cada ano, estima. E não faltam universidades para serem compradas. Existiam aqui 2.243 instituições privadas de ensino superior em 2009, com metade dos 7,4 milhões de vagas ociosa.

PRIORIDADE
Segundo o presidente da Laureate no Brasil, Luiz Lopez, o país é a prioridade da companhia e o objetivo é crescer em todas as regiões.
O grupo -que tem nove instituições no Brasil, incluindo Anhembi Morumbi- só não atua no Centro-Oeste.
"Há grande população jovem no Brasil e muito otimismo econômico para os próximos 20 anos. É preciso ter uma população educada para sustentar o crescimento."
A DeVry, que em 2009 adquiriu universidades em Salvador e Fortaleza, espera em um ano ampliar sua presença no Brasil adquirindo uma instituição de grande porte no Sudeste, com mais de 15 mil alunos ou faturamento de R$ 100 milhões.
Também estão nos planos da DeVry comprar empresas de até 5.000 alunos no Norte e no Nordeste.
"Queremos executar esse plano o mais rápido possível. A DeVry tem centenas de milhões de dólares para investir em emergentes e o Brasil é onde isso está mais avançado", diz o presidente do grupo no Brasil, Carlos Degas.
A Whitney, dona da Unijorge, em Salvador, procura empresas de médio porte para aquisição em todo o país. O grupo está mudando seu nome globalmente para American University System.
Mas, assim como a Laureate e a DeVry, o CEO da Whitney no Brasil, João Arinos, ressalva: o grupo não quer crescer a qualquer custo e busca grupos de prestígio.
Especialistas também apontam Anhanguera, Kroton, Estácio e SEB como consolidadoras do setor. São empresas de capital aberto, originalmente brasileiras, mas cujas ações pertencem majoritariamente ou em grande parte a fundos estrangeiros.
Marcos Boscolo, sócio da KPMG Brasil, lembra que as quatro tinham em março R$ 680 milhões em caixa.
"Este é um ano de retomada de aquisições no setor. Há dois fundos analisando ativos em contato conosco, um nacional e um estrangeiro."


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