São Paulo, quarta-feira, 17 de agosto de 2011

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ANÁLISE

Mudança ajuda mais teles que o consumidor

Nova lei para TV a cabo concentra mercado em operadoras; preços podem cair, mas só em pacotes combinados


COM A LEGISLAÇÃO APROVADA NO CONGRESSO, SERÁ POSSÍVEL A OFERTA DO SERVIÇO POR MAIS DE UMA EMPRESA EM UMA MESMA LOCALIDADE

JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO

A aprovação do PLC 116 favorece as teles e ainda deixa um ponto de interrogação para o consumidor: a TV a cabo ficará mais barata? Haverá mais competição?
Como as teles agora ficam liberadas para vender TV a cabo diretamente (sem precisar atuar por meio de empresas desse segmento), elas poderão oferecer o serviço em pacotes combinados (telefone, internet e TV) e cobrá-los em uma conta só. Aí, elas já terão ganhos de eficiência.
Por isso, elas dizem que o preço da TV a cabo pode ter queda de até 30% na comparação com o preço do serviço adquirido separadamente.
A nova lei tornará possível a oferta do serviço por mais de uma empresa em uma mesma localidade (hoje existem restrições), principalmente nas cidades de maior poder aquisitivo.
Nesses locais, a Net mantém a liderança e agora terá a Oi como concorrente imediata. Afinal, a operadora brasileira -antes impedida de operar com cabo por sua própria conta- já tem sua rede de cabos instalada em quase todo o país.
Cabos por onde ela vende telefonia e internet.
Há, portanto, chances de que o consumidor ganhe com essas mudanças.
Pelo lado das teles, há mais certezas. A oferta combinada de serviços, principalmente TV, ajuda a elevar a margem de lucro do negócio.
O problema é que o mercado de distribuição de conteúdo ficaria, assim, nas mãos de poucas empresas -as teles, basicamente. Produtores de conteúdo, como as emissoras de TV, estarão fora desse negócio. Para entrar, só como sócios.

CONCENTRAÇÃO
Esses são sinais do que se chama "verticalização". As teles, que antes só prestavam serviços de infraestrutura (transmissão de voz e dados), passam a dominar quase todos os serviços.
A exceção -ainda mantida pelo projeto- é a produção de conteúdo, um negócio que continuará restrito a empresas como Globo, Bandeirantes e Record, além de produtores independentes.
Resta saber se as redes, hoje tão congestionadas, terão investimentos proporcionais para garantir qualidade com tantos serviços.


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