São Paulo, quarta-feira, 17 de agosto de 2011

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Para segurar preço, arroz vai para animais

Governo federal adota medida pela primeira vez no país para salvar economia de cidades do Rio Grande do Sul

Segundo produtores, o mercado paga R$ 17 pela saca de 50 kg, mas o custo de produção é de, no mínimo, R$ 25

FELIPE BÄCHTOLD
DE PORTO ALEGRE

Na tentativa de salvar a economia de partes do Sul do país, o governo federal vai começar a direcionar o arroz produzido para a alimentação de animais. É a primeira vez que uma medida do tipo é implementada no Brasil.
A quantidade colhida de arroz cresceu muito acima da demanda no último ano, o que derrubou os preços de venda e provocou uma crise no Rio Grande do Sul, responsável pela maior parte da produção nacional.
O governo federal vai investir R$ 60 milhões em leilões a partir do fim deste mês. Neles, um total de 500 mil toneladas será ofertado para indústrias de aves e suínos.
A ajuda estatal aos arrozeiros, que também inclui a compra direta de produção e a prorrogação de dívidas, já soma mais de R$ 1,1 bilhão.
Segundo os produtores, o mercado paga R$ 17 pela saca de 50 quilos, enquanto o custo de produção é de, no mínimo, R$ 25.
Segundo a Federarroz (Federação das Associações de Arrozeiros do RS), todo ano são colhidos 3 milhões de toneladas a mais do que o consumo. O prejuízo estimado pelo setor é de R$ 3 bilhões.
Um dos alvos de reclamações é a entrada de importações de países do Mercosul. Também contribuiu para a situação a quebra da safra anterior, causada pelo clima.

EFEITOS
De acordo com a Federarroz, 140 dos 496 municípios gaúchos têm o arroz como base econômica.
"O impacto se irradia do campo para a cidade. Afeta comércio, indústria, diminui a atividade econômica. Deixa de circular muito dinheiro e cai a arrecadação das prefeituras. É um efeito em cascata", diz Renato Rocha, presidente da federação gaúcha.
Segundo ele, com a ajuda estatal, já houve a recuperação dos preços. Para baixar as sobras, os arrozeiros também tentam usar o grão para a fabricação de etanol. "Tem muito trabalho ainda pela frente para desovar esses estoques excedentes", afirma.
Para o secretário de Política Agrícola do governo federal, José Carlos Vaz, as medidas já estão dando resultado, mas é preciso superar "gargalos estruturais" do setor, como o alto endividamento.
"[A alta produção] é resultado de melhoria da produtividade, com boas condições climáticas. Diria que é uma crise de organização da cadeia produtiva", diz.
A Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul afirma que o arroz na ração vai "desafogar" as indústrias de aves e suínos, que sofrem atualmente com o alto custo do milho para alimentação.
O arroz para alimentação de animais será dos tipos 2 e 3, de menor qualidade. No total, o país produz cerca de 13 milhões de toneladas.


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