São Paulo, sábado, 17 de setembro de 2011

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Expert sugere investimento anti-inflação

Decisão do BC de começar a cortar juros pode manter a inflação alta por algum tempo, diz Philip Poole, do HSBC

Para o diretor do HSBC, imóveis continuarão sendo uma boa opção de investimento para os brasileiros

ÉRICA FRAGA

DE SÃO PAULO

Investidores brasileiros devem procurar aplicações que ofereçam proteção contra inflação. Essa é a recomendação de Philip Poole, diretor global de investimentos da HSBC Global Asset Management, que esteve no Brasil para reuniões com clientes na semana passada.
Segundo Poole, a estratégia do Banco Central de começar a reduzir juros é arriscada porque a economia ainda está aquecida. O resultado, diz ele, pode ser inflação alta por algum tempo. Leia os principais trechos da entrevista de Poole.

 

Folha - Quais são as opções de investimentos recomendáveis para brasileiros atualmente?
Philip Poole -
O Brasil é muito diferente dos outros mercados emergentes no sentido de que a taxa de juros doméstica aqui é muito alta. Então é difícil argumentar contra instrumentos de renda fixa nesse ambiente.
Mas acho que títulos que oferecem proteção contra inflação fazem muito sentido porque os riscos de maior inflação acabam de aumentar e há um ponto de interrogação em relação à vontade do Banco Central de lidar com isso.
Os mercados de ações de todo o mundo se desvalorizaram muito. Então o mercado de ações brasileiro não parece barato em uma perspectiva internacional, mas está barato em relação ao passado. Mas o problema com o mercado de ações é que vai continuar sofrendo muito volatilidade por causa dos riscos da economia global.
Outra alternativa é o setor imobiliário. Pode parecer caro. Mas isso em relação ao passado recente. Se olharmos para outros mercados emergentes, na Ásia, o setor imobiliário continua a se encarecer.
Há uma mudança estrutural ocorrendo por conta da maior disponibilidade de empréstimos imobiliários.

Há economistas que criticam a recente decisão do Banco Central de cortar juros porque acham que ainda há risco de inflação. O que o senhor acha dessa polêmica?
Na minha opinião, essa decisão foi inapropriada. O desemprego está em um nível muito baixo, as pressões salariais são altas, o salário mínimo vai ter um forte aumento. E tudo isso tem impacto nos outros preços. Acho que o Banco Central deveria estar focado em lidar com essas pressões inflacionárias, porque a economia ainda está crescendo. Há perigos nisso porque, do ponto de vista do investidor externo, as pessoas olham para o Brasil e para o Banco o Central, e o Banco Central, embora não fosse independente do ponto de vista constitucional, vinha agindo de forma muito independente. Acho que investidores estrangeiros certamente vão questionar isso. Não existe almoço grátis e o custo potencial neste caso está ligado à inflação.


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