São Paulo, segunda-feira, 17 de outubro de 2011

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Incerteza de mercados barateia ações

Em pânico, investidores vendem papéis, que podem ser boas opções para quem mira resultados em longo prazo

Para especialistas, bons negócios vem de empresas capitalizadas ou de europeias que investiram na crise

CONRAD DE AENLLE
DO "NEW YORK TIMES"

Os investidores supostamente odeiam incertezas, mas conviveram com elas por dois anos, depois que a última recessão acabou. Então, no terceiro trimestre, o peso de perguntas não respondidas, a maioria das quais sobre a persistência da recuperação econômica, causou baixa nas ações.
A queda de 14,3% no índice Standard & Poor's 500 foi a pior queda trimestral desde 2008 e deixou o índice 10% abaixo do registrado no início de 2011.
Talvez o mais perturbador tenha sido a perspectiva de contágio na Europa -um processo de desestabilização mais amplo dos Tesouros e bancos da região.
"Os investidores estão em pânico e vendem indiscriminadamente sem considerar valores", diz David Marcus, vice-presidente da Evermore Global Advisors.
Quando ativos são vendidos a qualquer preço, costumam se tornar baratos. Isso aconteceu de fato com as ações, que, quando o trimestre acabou, eram negociadas a cerca de 12 vezes seu lucro anual, ante média de longo prazo próxima a 15.

GANHO FUTURO
Comprar agora pode não ajudar um investidor a dormir tranquilo, mas talvez resulte em ganhos saudáveis a longo prazo. Os investidores que aceitam o risco agora "serão recompensados quanto a poeira baixar", prevê David Steinberg, administrador da DLS Capital Management.
No curto prazo, porém, os investidores já perderam muito. Na média, os fundos de ações norte-americanos tiveram queda de 16,2% no terceiro trimestre.
As condições podem melhorar a longo prazo, mas o progresso lento quanto às questões mais graves talvez cause mais problemas em breve. Rick Rieder, da Black-Rock, diz, por exemplo, que não prevê fim imediato para a crise europeia. E por mais que isso enerve os investidores, a tendência talvez não seja negativa.
Manter a Grécia à beira do calote, como um zumbi financeiro, poderia dar a governos, bancos centrais e comerciais o tempo de que precisam para organizar linhas de crédito a fim de manter os sistemas financeiros em atividade e as instituições, solventes.

PERSPECTIVAS
O tempo pode ajudar os investidores de outra maneira. Com avaliações tão baixas para as ações e incerteza demais para que possam subir, Rieder encoraja quem tenha condições de investir com mais tempo a considerar a compra de papéis capazes de render dividendos elevados.
David Ellison, da FBR Funds, prefere ações de "companhias com possibilidades de crescimento e bem capitalizadas", como Coca-Cola, Procter & Gamble, Walt Disney, Caterpillar, IBM e Johnson & Johnson.
Marcus, do Evermore, considera que a Europa tem atrativos: "Empresas são mais inteligentes que países e estão tirando vantagem da crise".
Um exemplo é o conglomerado alemão Siemens, que vem fechando unidades e realinhando suas operações. Outra indicação é o Grupo Prisa, editora espanhola em expansão na América Latina.
Com muitas perguntas ainda por responder, mas pechinchas disponíveis em muitos mercados em função dessas dúvidas, o melhor para os investidores talvez seja se planejar para o melhor, mas sem contar com isso. "Seja otimista, mas só com o dinheiro que você possa perder", aconselha Ellison.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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