São Paulo, sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

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PF faz operação contra ex-diretores do PanAmericano; contador ajuda

Ação aconteceu 37 dias após o banco anunciar que precisava de um empréstimo de R$ 2,5 bi

Chefe da contabilidade foi demitido por justa causa na terça e decidiu colaborar mesmo sem ter acordo de delação

MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO

Trinta e sete dias depois de o banco PanAmericano ter anunciado que precisou recorrer a um empréstimo de R$ 2,5 bilhões para não quebrar, a Polícia Federal fez uma operação de busca e apreensão na casa de quatro ex-diretores do banco, do ex-presidente do conselho e de três funcionários da instituição de Silvio Santos.
Entre os que tiveram os apartamentos revirados pela PF estão Rafael Palladino, ex-presidente do banco, que mora no Itaim, Luis Sandoval, ex-presidente do conselho, principal executivo de Silvio e que acabou demitido durante a crise do banco, e Wilson de Aro, ex-diretor financeiro do PanAmericano.
A própria PF tinha pouquíssimas expectativas de conseguir material incriminador contra os diretores tanto tempo depois, mas ocorreram duas surpresas:
1) O chefe da contabilidade do banco, Marco Antonio Pereira da Silva, decidiu colaborar com a investigação mesmo não tendo um acordo de delação premiada. Ele foi demitido por justa causa na terça-feira e disse a amigos que não tinha como pagar um bom advogado;
2) A polícia achou uma memória de computador escondida sob o banco do carro de um dos executivos. O disco rígido ainda não foi periciado, mas os policiais ficaram intrigados com o local em que ele foi encontrado. A hipótese da PF é óbvia: se o disco estava escondido, deve ter dados comprometedores.
A ordem de busca e apreensão foi dada pelo juiz Fausto Martin de Sanctis, da 6ª Vara Federal Criminal, no que pode ser um dos seus últimos casos -foi confirmado que ele será promovido para o Tribunal Regional Federal, corte de apelação de crimes federais.
A polícia e o Ministério Público Federal pediram buscas na residência de 12 ex-executivos do banco, mas o juiz só concedeu em oito deles.
Três especialistas em crime financeiro ouvidos pela Folha, sob a condição de que seus nomes não fossem revelados, criticaram a demora da PF e do Ministério Público Federal em fazer as buscas.
A visão deles é que nesses 37 dias que separam a busca da intervenção no banco todos os documentos e arquivos que poderiam incriminar os executivos foram destruídos. Um dos especialistas diz estranhar que a PF não tenha feito buscas no banco e na casa de Silvio Santos.
Policiais disseram à Folha que não existem papéis do banco que mencionem o nome de Silvio.

Colaboraram CLÁUDIA ROLLI e CAROLINA MATOS, de São Paulo


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