São Paulo, quarta-feira, 18 de maio de 2011

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ANÁLISE ENERGIA

Preço do petróleo pode não ter nova alta explosiva nem ficar abaixo de US$ 80

THAÍS MARZOLA ZARA
ESPECIAL PARA A FOLHA

O movimento dos preços do petróleo, desde o início do ano, pode ser caracterizado por dois tempos distintos.
Na primeira etapa, houve uma expressiva e consistente alta, com descolamento entre os tipos Brent e WTI (como há muito não se via). Houve vários motivos para isso: aumento da liquidez dos mercados internacionais, perspectivas favoráveis de crescimento nos EUA e preocupações com os distúrbios políticos no norte da África e no Oriente Médio.
Esse último explica, também, o descolamento entre os preços dos dois tipos de petróleo, pois essas áreas abastecem, majoritariamente, a Europa (Brent).
A segunda etapa, mais recente (desde o dia 5 deste mês), é caracterizada por uma reversão dos preços.
Não houve um retorno ao patamar anterior (US$ 70 a US$ 80 por barril), mas queda de mais de 10% -desde então, o WTI oscila ligeiramente abaixo de US$ 100, e o Brent, pouco acima.
Essa correção decorre da revisão das perspectivas para o crescimento dos EUA neste ano e pelas incertezas a respeito dos níveis de liquidez a prevalecer nos mercados quando o Fed (o BC americano) começar a retirar os incentivos monetários.
Impera nesse mercado, então, a volatilidade, em meio às dúvidas sobre o cenário macroeconômico nos Estados Unidos e na Europa e às medidas para refrear as pressões inflacionárias nos países emergentes.
Assim, embora seja cedo para afirmar que um novo patamar de equilíbrio ao redor do qual devem gravitar os preços do petróleo já foi encontrado, é possível apontar dois cenários menos prováveis: a) alta explosiva dos preços, nos mesmos moldes do que ocorreu no pré-crise, já que seria preciso um crescimento mundial muito mais vigoroso para isso;
b) um retorno a níveis inferiores a US$ 80 por barril, pois isso exigiria uma desaceleração muito maior da economia mundial (algo semelhante a um segundo mergulho, hipótese que, felizmente, fica mais distante a cada dia).

THAÍS MARZOLA ZARA é economista-chefe da Rosenberg Consultores Associados e mestre em economia pela USP.


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