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Telefónica retira oferta pela fatia de portugueses na Vivo
Proposta de € 7,15 bi foi vetada pelo governo português, mas PT quer negócio
Portugueses tentam encontrar plano B antes de venderem a Vivo aos espanhóis; parceria com Oi seria alternativa
DE SÃO PAULO
A Telefónica retirou ontem
sua oferta de € 7,15 bilhões
pela participação da PT (Portugal Telecom) na operadora
de celular Vivo. Os espanhóis
ofereciam um ágio de 115% e
sua oferta venceu dia 16.
A resposta dos espanhóis
foi dada após a PT ter enviado um comunicado à Telefónica solicitando que a oferta
fosse adiada até o dia 28.
Os portugueses querem
mais tempo para tentar encontrar uma alternativa antes de venderem a Vivo.
A operadora brasileira é líder em telefonia celular e representa 46% das receitas da
PT. Telefónica e PT dividem o
controle da Vivo, com 30%
de participação cada uma.
Em maio, a Telefónica ofereceu € 5,7 bilhões pelos 30%
da PT na Vivo para assumir
seu controle. A oferta foi negada. Os espanhóis elevaram
o lance para € 6,5 bilhões e,
depois, para €7,15 bilhões.
VETO
Em 30 de junho, 74% dos
acionistas decidiram-se pela
venda, mas o governo português barrou o negócio usando uma "golden share", ação
com poder de veto.
No dia 8, o uso dessa "golden share" foi julgado ilegal
pela Corte Suprema da UE.
Devido ao julgamento, a Telefónica decidiu estender a
oferta até o dia 16.
Horas antes do vencimento, o Conselho de Administração da PT enviou um comunicado à Telefónica dizendo não ter chegado a um
consenso no prazo estipulado. A PT disse estar aberta a
negociações caso a oferta vigorasse até o próximo dia 28.
O impasse atual se explica
pelo conflito de interesses
entre o governo português e
os acionistas da PT.
Em maio passado, já com a
proposta da Telefónica sobre
a mesa, o primeiro-ministro
português, José Sócrates, esteve com o presidente Lula e,
na conversa, quis saber sobre
as possibilidades de uma fusão da PT com a Oi.
TELE LUSO-BRASILEIRA
A Folha revelou que, naquela ocasião, Sócrates antecipou a Lula que usaria o veto para ganhar tempo até a
PT achar uma saída.
Lula disse que havia interesse em transformar a Oi em
uma empresa multinacional
e que a fusão com a PT seria
uma chance para a criação
de uma tele luso-brasileira.
Os acionistas da Oi dizem
que esse negócio não vingou.
A Folha apurou que essas
conversas avançaram, mas
as barreiras para o negócio
prosperar são enormes. E a
Telefónica tem pressa em resolver sua situação.
Os espanhóis têm planos
de fundir a Telefônica e a Vivo em uma só empresa para a
oferta de pacotes combinados (telefonia fixa, celular,
TV paga e internet).
Além disso, querem usar a
rede da Vivo para oferecer
serviços de telefonia fixa pela
rede móvel fora de São Paulo
competindo com a Oi.
Para pressionar a PT e o
governo português, que corre o risco de ser processado
pelos acionistas minoritários
em razão da recusa à venda,
os espanhóis decidiram encerrar a negociação.
Para a Telefónica, pode ser
que, pressionando a PT dessa forma, consiga forçá-la a
decidir-se rapidamente antes
que a companhia espanhola
recorra a um tribunal de arbitragem para a dissolução da
sociedade na Vivo. Os espanhóis acreditam que, uma
vez desfeita a parceria, poderiam comprar ações da Vivo
no mercado até assumir o
controle.
(JULIO WIZIACK)
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