São Paulo, quinta-feira, 18 de agosto de 2011

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PF confisca ilha em operação de
R$ 1 bi


Polícia Federal prende 23 sob a suspeita de sonegação fiscal; ação focou distribuidor de produtos químicos do NE

Ilha de 20 mil metros quadrados na baía de Todos os Santos, perto de Salvador, está entre os bens sequestrados

Divulgação - Receita Federal
Ilha de 20.000 m2 na baia de Todos os Santos (BA), confiscada, que pertencia ao chefe do esquema

PAULO PEIXOTO
DE BELO HORIZONTE

GRACILIANO ROCHA
DE SALVADOR

A Polícia Federal prendeu 23 suspeitos de integrar grupo acusado de sonegar R$ 1 bilhão em tributos. Entre os bens sequestrados há uma ilha de 20 mil metros quadrados na baía de Todos os Santos, perto de Salvador.
Deflagrada em 17 Estados e no Distrito Federal, a Operação Alquimia foi conduzida pela PF e pela Receita e teve seu foco nas atividades do grupo Sasil, um dos principais distribuidores de produtos químicos do Nordeste.
A Folha apurou que o inquérito da PF aponta os irmãos Paulo Sérgio Costa Pinto Cavalcanti e Ismael César Cavalcanti Neto, da Sasil, como 'mentores' do esquema.
Uma rede de empresas foi registrada em nome de laranjas, para não recolher tributos, disse a Polícia Federal.
O juiz federal Bruno Savino, da 3ª Vara da Justiça Federal de Juiz de Fora (MG), decretou, ao todo, a prisão de 31 pessoas. Até a noite de ontem, havia 8 foragidas.

PARAÍSO FISCAL
As empresas de fachada tinham movimentações milionárias. Seus 'sócios' eram pedreiros, motoristas e pessoas com vencimentos insuficientes para declarar o Imposto de Renda. Segundo a PF, as empresas eram controladas por operadores dos irmãos Cavalcanti.
Na teoria, essas empresas eram independentes e faziam operações de compra e venda com outras companhias controladas pelo grupo Sasil. Como os tributos eram devidos pelas empresas de fachada, nada era recolhido.
Segundo a investigação, as empresas de fachada encerravam as atividades quando os impostos eram cobrados.
Ao todo, segundo a PF, 300 empresas foram usadas desde a década de 1990.
Despacho da Justiça cita inquérito em que a PF lista 165 empresas abertas no Brasil (90 matrizes e 75 filiais), além de 27 companhias sediadas no exterior -a maioria nas Ilhas Virgens Britânicas, paraíso fiscal do Caribe.

ILHA E OURO
Segundo a PF, a ilha confiscada foi avaliada em R$ 15 milhões. A família Cavalcanti é dona da ilha, apurou a Folha. Foram apreendidos cerca de 2,5 kg de ouro em barras, R$ 40 mil em espécie, oito jet skis e uma lancha, quase uma centena de veículos, maquinário e computadores, além de documentos.
No caso de um imóvel, o sequestro determinado pela Justiça impede que o proprietário venda o bem ou o aliene. Não há proibição de que ele continue usando o local.
Ilhas marítimas e fluviais pertencem ao governo federal. A ocupação delas se dá por cessão da União e mediante pagamento anual.

Colaborou MATHEUS LEITÃO, de Brasília


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