São Paulo, quinta-feira, 18 de agosto de 2011

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Teles terão de investir R$ 60 bi a mais

Para oferecer TV a cabo junto com telefonia e internet, operadoras terão de apresentar plano de investimento extra

Hoje, redes de cabos não estão preparadas para suportar três serviços simultâneos (TV, internet e telefone)

VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA

ELVIRA LOBATO
DO RIO

JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO

Em troca da abertura do mer­cado de TV a cabo para as teles, ocorrida com a aprovação do PLC 116 anteontem, o gover­no vai cobrar um plano de investimento extra para que as operadoras levem internet e TV paga para o "interior do Brasil".
"O governo se empenhou na aprovação do projeto e agora vai cobrar", disse à Folha o ministro Paulo Bernardo (Comunicações).
Ontem, ele já deu esse recado à Oi du­rante audiência com o novo presidente da empresa, Fran­cisco Valim.
Nas próximas semanas, o ministro receberá Telefônica, CTBC e Sercomtel.
A liberdade de atuar na TV a cabo custará a essas empresas investimentos de R$ 60 bilhões a mais em dez anos para chegar a 30 milhões de acessos de TV paga no país.
Hoje, existem 11 milhões de acessos. Isso é para garantir o mínimo de qualidade dos serviços que serão prestados na mesma rede de cabos.
A Folha apurou com uma das concessionárias que hoje as redes de cabos não estão preparadas para suportar tantos serviços (telefonia, internet e TV). Somente as novas redes de fibras ópticas (que chegam até a casa do cliente) têm condições de oferecer um serviço desse tipo.
A expectativa do governo é que os planos das teles contemplem investimentos para levar o serviço de TV paga combinado com inter­net rápida a cidades do inte­rior.
"Nas capitais, onde o mer­cado é competitivo, a con­corrência vai aumentar e o preço vai cair, mas queremos que as teles desenvolvam também projetos no interior do país", disse Bernardo.

PRÓXIMOS PASSOS
O projeto que libera o mercado de TV a cabo para as teles segue agora para sanção presidencial. Não deverá ter vetos já que contou com o empenho do próprio governo para que sua votação ocorresse.
"Foi o acordo possível, de equilíbrio entre todas as par­tes, para destravar os investi­mentos no setor", disse o ministro Paulo Bernardo.
A votação do projeto era uma promessa do governo às teles em troca da adesão ao PNBL (Plano Nacional de Banda Larga), que pretende universalizar a internet rápi­da no país a partir de investi­mentos das empresas de te­lefonia fixa e móvel.
Nos últimos meses, Bernardo negociou direta­mente com as teles e donos de TVs.
Pelo acordo, as teles ficam fora da produção de conteúdo, enquanto as TVs ficam proibidas de deter mais do que 50% de empre­sas de distribuição de conteúdo de TV.

PRIMEIRO A CLASSE A
Apesar dos esforços do governo, as teles seguirão seu próprio cronograma. A Folha apurou que Oi e Telefônica partirão para cima da Net investindo em fibras ópticas.
O objetivo será atender as cidades de maior poder aquisitivo -público-alvo da Net- com pacotes quatro-em-um (internet de 100 Mbps, TV, telefone fixo e celular).
Cerca de mil cidades cobertas pela Oi terão "ofertas-padrão" (três-em-um) pelo cabo. Os 4.000 municípios restantes só terão internet e TV por satélite (DTH).
Para levar conexão por cabo, seria preciso investir muito acima do que hoje é possível para a companhia.
A Telefônica ainda está traçando seu plano, mas já definiu que fará mais investimentos para expandir sua rede de fibra óptica.
A Folha apurou que a maior parte dos R$ 27,5 bilhões de investimentos nos próximos cinco anos será para banda larga e TV.


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