São Paulo, quinta-feira, 18 de agosto de 2011

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ANÁLISE TV A CABO

Após dez anos, acordo vai da Globo a Dirceu

Emissora festeja mudança por poder vender Net a Slim e resguardar conteúdo; petista vê 'fruto de consenso'


BAND ACUSA MINISTRO DE PERMITIR 'INVASÃO DO GALINHEIRO PELAS RAPOSAS'

NELSON DE SÁ
ARTICULISTA DA FOLHA

A Record resistiu até o último instante, com o sobrinho de Edir Macedo, o senador Marcelo Crivella, argumentando que o projeto é prejudicial por adotar cotas para produção nacional -e por um suposto estímulo à transferência de publicidade da TV aberta para a TV paga.
Também a Bandeirantes resistiu, ela que tem operadora de cabo, a TV Cidade, em propriedade cruzada agora proibida pelo projeto. Também o SBT, que controla a operadora TV Alphaville.
Encerrada a votação, a Band saiu acusando o ministro das Comunicações e os parlamentares de permitir "a invasão do galinheiro pelas raposas", as "generosas teles" que "derramaram milhões durante a campanha".
Mas a Globo, que teria reafirmado apoio ao projeto em reunião com o ministro das Comunicações, dois meses atrás, não questionou sequer as cotas para produção nacional, atacadas ruidosamente por parlamentares do PSDB e do DEM.
O projeto permite à Globo formalizar a venda da Net para o mexicano Carlos Slim.
Por outro lado, resguarda o conteúdo: "Para produzir programas, a empresa terá que ter capital nacional mínimo de 70%", o que barra Slim e a espanhola Telefónica.
As teles, pelo acordo, são proibidas até de comprar direitos sobre eventos e contratar artistas.
Na mesma reunião com o ministro, também teria sido aceita a "cota mínima e crescente de produtos nacionais" na TV paga, inclusive "parte deles realizados por produtores independentes".
A aprovação, anteontem, foi imediatamente saudada tanto pela Telebrasil, a associação das teles, como pela ABTA, das empresas de TV por assinatura.
De sua parte, o líder petista José Dirceu, consultor de Slim, também festejou publicamente a aprovação, "já não era sem tempo", depois de dez anos de disputas no Congresso.
E justificou que foi "fruto de um consenso no qual todos cederam".
Com a nova lei dependendo agora da sanção da presidente Dilma Rousseff, o ministro das Comunicações comemora publicamente ter desatado o nó que impedia maior concorrência na TV a cabo, um virtual monopólio da Net.
Também abre caminho para a entrada no cabo da "campeã nacional", a operadora de telefonia Oi, da "famosa Andrade Gutierrez", como descreve a contrariada Bandeirantes.


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