São Paulo, quinta-feira, 18 de agosto de 2011

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Fiscais ligam Zara a trabalho degradante

Três vistorias feitas em São Paulo flagraram fornecedores da empresa usando bolivianos em condições precárias

Fiscalização também encontra brasileiros, paraguaios e peruanos em situação análoga à de escravidão

FELIPE VANINI BRUNING
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A grife espanhola Zara, dona de 31 lojas no país, é suspeita de usar mão de obra submetida a condições análogas à escravidão na confecção de suas roupas no Brasil.
Em três vistorias realizadas no Estado de São Paulo, fiscais do Ministério do Trabalho flagraram fornecedores da empresa usando trabalhadores bolivianos, peruanos, paraguaios e brasileiros em estabelecimentos clandestinos em condições precárias de segurança e de higiene.
De acordo com a fiscalização, os 16 trabalhadores encontrados nas duas oficinas paulistas, último alvo da investigação, tinham de pedir autorização para deixar o local, o que somente era permitido em casos urgentes.
Muitos chegavam ao Brasil endividados, após serem aliciados no país de origem.
A Zara informou que a situação de trabalho dos terceirizados está sendo regularizada.
As duas oficinas, que foram fechadas no fim de julho, pertenciam a bolivianos. Para a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo, porém, eram de responsabilidade da Zara por causa da forte dependência econômica que tinham da rede -cerca de 90% da produção era destinada à grife.
"A Zara é a única responsável pelas oficinas, pois esses trabalhadores produziam praticamente só peças destinadas à empresa, seguindo os padrões dela", disse o auditor Luís Alexandre de Faria, do Ministério do Trabalho.
Segundo Faria, as oficinas, que funcionavam havia dois anos, receberam 48 autuações por infrações como excesso de jornada, falta de pagamento de férias e ausência de descanso semanal.
Em maio, outro fornecedor da Zara, em Americana, no interior paulista, foi flagrado com 52 trabalhadores mantidos sob as mesmas condições, 5 deles brasileiros. Essa fiscalização deu origem ao flagrante de São Paulo.

IMAGEM
Para Oscar Vieira, professor de direito da FGV, o arranhão na imagem é o pior. "As empresas sabem que podem perder muito, mas nem todas se dão conta de sua responsabilidade em toda a cadeia."
Depois de o site Repórter Brasil divulgar o assunto, as expressões Zara e trabalho escravo estiveram entre os assuntos mais comentados do Twitter. Também houve protesto no Facebook.


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