São Paulo, quinta-feira, 18 de agosto de 2011

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China vê monopólio em navios da Vale

Entidade chinesa protesta contra a decisão da mineradora de formar uma frota para transporte de minério

Empresa brasileira nega tentativa de controle e afirma que medida tenta diminuir custos de transporte

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

A decisão da Vale de construir uma frota com os maiores navios de transporte de minério de ferro do mundo foi classificada como "tentativa de monopólio" pela poderosa Associação dos Proprietários de Navio da China (CSA, na sigla em inglês).
A entidade pressiona Pequim a adotar medidas contra a mineradora brasileira.
Segundo a CSA, quando estiver pronta, a frota de 35 navios da Vale (19 próprios e os demais contratados) praticamente controlará o transporte entre Brasil e China.
"A maioria das transportadoras serão defraudadas pela Vale caso ninguém tente pará-la", disse Zhang Shouguo, vice-presidente da CSA, que reúne as maiores empresas chinesas do setor, à agência de notícias Bloomberg.
Para Zhang, a Vale quer controlar o mercado de frete "como tem feito com os preços do minério de ferro".
A afirmação é em alusão ao reajuste trimestral de preços do minério, implantado no ano passado, em substituição a reajustes anuais.

OUTRO LADO
A Vale nega a intenção de controlar o transporte de minério de ferro e diz que a nova frota visa diminuir a desvantagem da empresa com relação aos concorrentes.
Todos, diz a empresa, estão mais próximos da China, destino de mais de 50% das exportações da mineradora.
"O Brasil está a 40 dias da China. A Austrália está a 10 dias, a Índia, a 15 dias, e a África do Sul, a 30 dias. Todos os nossos principais concorrentes têm um frete mais barato", disse à Folha José Carlos Martins, diretor de marketing da Vale.
Segundo ele, os novos navios reduzirão a volatilidade do preço do transporte.
Martins afirma que, quando a frota estiver pronta, em 2013, representará uma participação muito pequena dos navios que fazem transporte de minério no mundo, hoje em 1.257 embarcações.
Segundo o executivo, a Vale atualmente utiliza cerca de 300 navios dessa frota.
"Trabalhar com 35 navios é uma fração pequena tanto da necessidade da Vale quanto do mercado total de frete", diz Martins.
Ele está na China para encontros com o setor empresarial e com o governo.


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