São Paulo, domingo, 18 de setembro de 2011

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Empresas regionais se unem para enfrentar a Coca

Presente no interior do país, Ice Cola estuda iniciar, em 2013, construção de fábrica de US$ 25 mi em São Paulo

Empresa pretende entrar na capital paulista em dois anos e alcançar 12% do mercado até 2015


MARIANA BARBOSA
ENVIADA ESPECIAL A CUIABÁ

O empresário Cláudio Bruehmuller abre o seu MacBook e faz uma busca no Google: Coca-Cola, 210 milhões de citações; Pepsi, 103 milhões; Ice Cola, 106 milhões.
"Na internet, já somos segundo", comemora o catarinense radicado em Cuiabá, empolgado com seu plano para transformar a Ice Cola na segunda marca de refrigerante do país.
Desconhecida nos grandes centros, a Ice existe desde 2008 e está presente em 14 Estados, principalmente no Centro-Oeste e no Norte. Em termos nacionais, a participação é pequena, de 0,3%. Mas, considerando apenas os mercados onde está presente, a fatia vai a 3%.
Em São Paulo, a Ice Cola está em poucas cidades, como Garça e São José do Rio Preto. O plano é iniciar a construção de uma fábrica de US$ 25 milhões no ano que vem, para conquistar a capital paulista a partir de 2013.
Com a vida profissional inteira dedicada aos refrigerantes -começou criança, ao lado do pai, com quem criou a marca de guaraná Marajá, em Cuiabá-, Bruehmuller, 53, conseguiu, com pouco investimento inicial, montar uma rede nacional de fábricas e de distribuidores.
Como? Trazendo para o negócio fabricantes regionais tradicionais. Já são 21 parceiros, entre eles a paraibana Dore, que completa um século neste ano, e a Cotuba, de São José do Rio Preto, fundada em 1958. Juntos, os 21 faturam R$ 2,5 bilhões com suas marcas próprias. Dezessete já estão produzindo Ice Cola, complementando o portfólio próprio. Os demais devem entrar em produção até o fim do ano. Até 2013, a meta é reunir 35 regionais.
Os regionais são ao mesmo tempo sócios do negócio -juntos, detêm 50% da Ice Cola Par- e franqueados.
Os padrões de qualidade, de gestão e as estratégias comerciais são estabelecidos pela Ice Cola Par, que fornece kit de lançamento com campanha para TV, outdoor e material de ponto de venda.
Bruehmuller garante que todos os franqueados estão dentro do Sicobe -sistema de controle da Receita Federal para coibir a sonegação.

AMÉRICA LATINA E BOLSA
A produção é quase insignificante diante da gigante Coca-Cola, mas tem crescido rapidamente. De maio de 2010 a maio de 2011, o volume médio de Ice Cola vendido passou de 2,7 milhões de litros por mês para 5,4 milhões. No período, o faturamento mensal subiu de R$ 3,8 milhões para R$ 8,1 milhões.
O objetivo é chegar a 12% do segmento de colas até 2015. A Pepsi tem 5,5% e a Coca, 88%. A cola da Schin, no mercado há dez anos, tem 0,9% -o que dá uma ideia do tamanho do desafio.
Os planos não se restringem ao Brasil. A Ice quer se expandir para a América Latina. E mira uma oferta pública de ações na Bolsa de Valores de São Paulo.
Antes de montar a parceria com os regionais, Bruehmueller passou anos desenvolvendo a "fórmula ideal". Montou uma empresa de extratos na Flórida (Estados Unidos) e em Manaus, a Amazon Flavor, em sociedade com um químico indiano. "Só trabalhamos com ingredientes de primeira."
Além do extrato para fabricar a Ice Cola, a Amazon produz extratos de guaraná e de açaí, entre outros sabores. Vende para Brasil, França e EUA e deve faturar R$ 104 milhões neste ano.
Para Marcel Motta, analista da Euromonitor, enquanto na Europa e nos EUA o consumo de refrigerante encolhe a cada ano, o brasileiro ainda tem uma década de crescimento pela frente. "Há uma massa de consumidores que está tendo acesso a esses produtos pela primeira vez."

A jornalista MARIANA BARBOSA viajou a Cuiabá a convite da Ice Cola.



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