São Paulo, terça-feira, 18 de outubro de 2011

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Bancos retornam ao normal após 21 dias

Categoria compra briga com governo, que era contra reajuste muito acima da inflação, e leva ganho real de 1,5%

Força dos bancários pressiona instituições a trocar funcionários antigos por novos com salário mais reduzido

TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

Uma das categorias trabalhistas mais fortes do país, os bancários decidiram ontem voltar, oficialmente, ao trabalho após 21 dias de paralisação, embolsando um reajuste salarial nada desprezível de 1,5% acima da inflação (9% de aumento).
O fim da greve -a maior desde 2004- foi selado ontem em assembleias de trabalhadores do setor privado em todo o país, mas, na prática, havia sido decidido na sexta em acordo de negociadores "profissionais" de ambos os lados. Assembleias de São Paulo, Rio, Brasília e Curitiba acataram a proposta.
2011 é o oitavo ano consecutivo de aumento acima da inflação para a categoria.
O reajuste dos bancários baliza o de todo o setor de serviços, segmento que mais pressiona a inflação.
Além do ganho real, os bancários também conseguiram elevar o piso da categoria de R$ 1.250 para R$ 1.400 (alta 16,6%) e benefícios como auxílio-creche, vale e cesta alimentação (veja ao lado).
Mas a maior vitória dos bancários diz respeito à participação nos lucros das instituições financeiras, que aumentaram 20% no primeiro semestre de 2011, em relação ao mesmo período de 2010, segundo os bancários.
A categoria tem um acordo com os bancos de embolsar uma participação de 5% do lucro líquido, limitado a um certo número de salários -neste ano, ficou em 2,2 salários ou até R$ 17.220,04.
Adicionalmente, ainda levam mais 2% do lucro -materializado por um teto de R$ 2.800 (era R$ 2.400 em 2010). Quem ganha o piso de R$ 1.400 deve levar R$ 5.880 de participação nos lucros, segundo o sindicato.
"As conquistas dos bancários terão reflexo em toda a sociedade", disse Juvandia Moreira, presidente do sindicato de São Paulo.

GOVERNO CONTRA
Além da disputa com os bancos, os trabalhadores também entraram em embate neste ano com o governo Dilma Rousseff por conta dos bancos públicos. Preocupado com a escalada de preços, o governo orientou estatais com os Correios, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal a evitar aumentos salariais acima da inflação.
No caso dos Correios, a disputa foi parar na Justiça, que determinou o fim da greve, deu aumento de R$ 80 (acima da inflação) e mandou os grevistas reporem os dias.
Já os bancários terminam a greve sem interferência da Justiça e sem reposição dos dias perdidos. "Esse processo foi construído na mesa de negociação", disse Magnus Apostólico, diretor da Federação Nacional dos Bancos.
Em todo o país, os bancários são 484 mil -135 mil na Grande São Paulo.
Se por uma lado os aumentos salariais acima da inflação valorizam os profissionais, por outro pressiona as instituições financeiras a trocar periodicamente quadros mais antigos por novos, com salários menores.
A força dos bancários também foi determinante na criação de subcategorias como os "vendedores" de crédito e os de call center, que tentam ser promovidos a bancário.



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