São Paulo, quinta-feira, 18 de novembro de 2010

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Governo articula consórcios do trem-bala

Hoje, apenas o grupo liderado por empresas da Coreia do Sul está pronto para entregar propostas até o dia 29

Em reunião entre Dilma e integrantes do atual governo, foi descartado adiar o maior leilão dos oitos anos de Lula

DIMMI AMORA
LEILA COIMBRA
DE BRASÍLIA

A 12 dias do maior leilão dos oito anos de governo Lula, o de concessão do trem-bala ligando Campinas-São Paulo-Rio de Janeiro, o governo articula com multinacionais e construtoras brasileiras consórcios para a disputa da licitação.
O objetivo do governo é que haja pelo menos dois grupos disputando o ativo, cujo investimento atinge R$ 33,1 bilhões. Mas o tempo é curto: a entrega das propostas está marcada para o próximo dia 29.
Mais de 15 empresas procuraram escritórios de advocacia e consultorias demonstrando interesse no leilão.
A Folha apurou, no entanto, que hoje apenas o consórcio liderado por empresas da Coreia do Sul está pronto para a disputa. Com isso, há o risco de que apenas ele apresente proposta, o que poderia levar a não haver redução na tarifa máxima, de R$ 199.
Esse modelo repete em parte o que aconteceu no leilão da usina de Belo Monte, quando o governo agiu para garantir a concorrência.
O presidente da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), Bernardo Figueiredo, e a coordenadora do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), Miriam Belchior, são os encarregados de montar novas associações. Mas a Folha apurou que, apesar do curto prazo, alguns dos principais investidores ainda não foram procurados para participar.
No caso do trem-bala, é preciso que empresas que detenham a tecnologia de construção e operação do equipamento liderem os grupos. Apenas o Japão, a China, a França, a Itália, o Canadá e a Espanha possuem capacidade tecnológica para produzir o trem, além dos coreanos.
O sócio do escritório de advocacia Emerenciano, Baggio e Associados, Robertson Emerenciano, que tem clientes interessados em investir no trem-bala brasileiro, diz que os investidores ainda estão incertos sobre a disputa.
Segundo ele, há um clima de indecisão com relação a alguns itens do edital, especialmente no que diz respeito à transferência de tecnologia e também com relação ao preço da tarifa.
"Teremos praticamente apenas dez dias para fecharmos as parcerias, enquanto em Belo Monte essa rodada de negociações durou pelo menos 45 dias", disse ele.

ADIAMENTO
Numa reunião na segunda-feira entre a presidente eleita, Dilma Rousseff, e integrantes da área de transportes do governo, o adiamento do leilão do TAV (Trem de Alta Velocidade) foi colocado em pauta, mas descartado.
Várias empresas estão solicitando adiamento, alegando que tiveram pouco tempo para se preparar porque o governo demorou a divulgar os dados de subsídio dos juros do financiamento público por causa da eleição.
A maior dificuldade dos interessados é conseguir as autorizações dos detentores de tecnologia, já que ela terá que ser repassada ao Brasil.
Além disso, os estudos não estão aprofundados o suficiente para garantir que o projeto terá rentabilidade para se pagar.

Colaborou NATUZA NERY, de Brasília


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