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Governo britânico promete ajudar Irlanda
Calote irlandês afetaria diretamente alguns bancos do Reino Unido, que possuem muitos créditos no país
Hoje chegam a Dublin técnicos da UE e do FMI para analisar a proposta de Orçamento que o governo espera aprovar
VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES
O governo britânico anunciou oficialmente ontem que
está disposto a emprestar dinheiro para ajudar a Irlanda
a sair da crise.
A Irlanda, que resolveu
salvar seus bancos da falência em setembro de 2008, está com problemas de caixa e
tem sido obrigada a aceitar
juros até duas vezes maiores
do que os pagos pela Alemanha para conseguir dinheiro
no mercado.
O Reino Unido tem duas
razões para oferecer a ajuda:
1) bancos como o Lloyds e o
Royal Bank of Scotland possuem muitos créditos na Irlanda, e um calote do país
pode afetar todo o sistema
bancário britânico; 2) a Irlanda é um dos maiores importadores de produtos do Reino
Unido. As compras superam
as feitas por Brasil, Índia e
China juntos.
Uma Irlanda quebrada seria ainda mais dor de cabeça
para o governo britânico, que
ainda luta para evitar a volta
da recessão.
A despeito desses fatos, o
ministro das Finanças do
Reino Unido, George Osborne, diz que a ajuda foi oferecida porque os dois países
são "bons vizinhos, não por
causa de preocupações com
os bancos britânicos".
A União Europeia continua a pressionar a Irlanda a
aceitar um pacote de ajuda
do BCE (Banco Central Europeu) e do FMI (Fundo Monetário Internacional). O país
ainda resiste.
Hoje, chegam a Dublin técnicos da UE e do FMI para
analisar as contas e a proposta de Orçamento que o governo espera aprovar no Parlamento no próximo mês.
Na proposta de Orçamento, cortes de gastos para tentar equilibrar as contas.
Mas o mercado acha que
os cortes não serão suficientes e teme um calote. Por isso, continua a exigir os juros
altos na hora de comprar os
títulos irlandeses.
A pressão da União Europeia acontece ainda porque o
medo de um calote da Irlanda está colocando sob ameaça outras economias que
também estão com problemas de deficit elevados.
Ontem, Portugal teve de
pagar juros de 4,8% ao ano
para vender papéis com vencimento em 12 meses. Na semana passada, os juros exigidos eram de 3,3%.
Já as Bolsas globais tiveram um dia mais calmo, com
os investidores aguardando
detalhes sobre o pacote. A
Bolsa de Londres subiu
0,19%, e a de Frankfurt,
0,55%. Nos EUA, o índice
Dow Jones, o principal da
Bolsa de Nova York, teve recuo de 0,14%.
AUTONOMIA
Muitos acreditam que a Irlanda está resistindo para
conseguir um acordo que lhe
garanta ainda alguma autonomia em sua política econômica. Por exemplo, o pacote
pode prever, além do corte de
gastos, o aumento de tributos, como a taxa cobrada das
empresas para se instalar no
país.
Hoje, a Irlanda cobra uma
das menores taxas do continente, o que outros países
consideram uma concorrência desleal.
Internamente, o governo
irlandês também está sob
pressão. O agravamento da
crise econômica pode acabar
com a frágil coalizão que governa o país. Se isso acontecer, as eleições podem ser antecipadas e é pouco provável
que o partido populista Fianna Fáil consiga maioria.
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