São Paulo, sábado, 18 de dezembro de 2010

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Desemprego cai ao menor nível em 8 anos

Contratações de fim de ano e menor procura contribuem para índice de 5,7%, o melhor da série iniciada em 2002

Rio e Porto Alegre têm pleno emprego, quando baixa desocupação já provoca falta de trabalhadores, diz IBGE

PEDRO SOARES
DO RIO

O forte crescimento da economia no pós-crise permitiu que o índice de desemprego nas maiores metrópoles do país se reduzisse aos mais baixos níveis dos últimos oito anos. Em algumas regiões foram registradas situações análogas ao pleno emprego, revelam dados do IBGE divulgados ontem.
Segundo a pesquisa, a taxa de desemprego cedeu para 5,7% em novembro, ante os 6,1% registrados em outubro. Trata-se da menor marca desde março de 2002, quando teve início a nova série histórica do IBGE.
As contratações típicas de fim de ano de trabalhadores temporários e a redução da procura por emprego explicam a queda da taxa, segundo Cimar Azeredo Pereira, gerente do IBGE.
Enquanto a ocupação cresceu apenas 0,2% de outubro para novembro, o contingente de desempregados caiu mais -5,9%- na mesma base de comparação, o que sinaliza a menor procura por trabalho.
"Muita gente já tinha emprego engatilhado para dezembro e parou de procurar, o que reduziu a pressão no mercado de trabalho", afirmou Pereira. Com tal cenário, o mercado de trabalho das regiões metropolitanas de Porto Alegre e Rio de Janeiro já registra uma situação considerada de pleno emprego -com taxas abaixo de 5%. Nessas áreas, ela ficou em 3,7% e 4,9%, respectivamente, em novembro. São Paulo caminha para a mesma situação, com 5,5% de taxa de desocupação.
Na cúpula do Mercosul, em Foz do Iguaçu, o presidente Lula comemorou. "Fiquei no movimento sindical toda a década de 70 e a de 80 e não esperava estar vivo para ouvir essa notícia", disse. "Há dez anos, a gente pensaria que isso poderia acontecer na Austrália, na Alemanha, na França, nos EUA. E agora está acontecendo pelas bandas do Mercosul", completou.

REFLEXO TARDIO
Para Aurélio Bicalho, economista do Itaú Unibanco, a economia cresceu rápido, liderada por setores como a indústria, logo após sair da crise ainda em 2009.
O crescimento do emprego neste ano, diz, é um reflexo tardio do boom da economia no pós-crise, tendência que já sofre um arrefecimento desde meados deste ano. Já para janeiro, quando sazonalmente os trabalhadores temporários são dispensados, a expectativa é de um repique da taxa.
"Mas ainda há fôlego para a taxa se manter mais ou menos estável. Uma expansão maior do desemprego deve ocorrer somente em meados de 2011", diz Bicalho.
Para a LCA, o emprego na indústria já sente a estagnação do setor, mas os serviços respondem com defasagem e vão garantir um primeiro semestre favorável em 2011.

Colaborou GUSTAVO HENNEMANN, enviado especial a Foz do Iguaçu


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