São Paulo, sábado, 19 de março de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

ANÁLISE

Usinas passam por situações diferentes

Enquanto hidrelétrica de Santo Antônio tem oficializada sua antecipação de entrega de energia, Jirau se afasta da meta

AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO

Indicadas como modelos de eficiência entre os projetos listados no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), as usinas hidrelétricas de Jirau e de Santo Antônio, ambas no rio Madeira (RO), começam a tomar rumos distintos.
Os dois projetos foram idealizados sob uma promessa: antecipar as obras e iniciar a geração de energia antes do prazo determinado no contrato assinado com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
A fúria dos trabalhadores no canteiro de Jirau e o atraso no licenciamento da linhas de transmissão que trará a energia de Rondônia para São Paulo começam a mudar os planos.
Por enquanto, somente a Mesa (Madeira Energia S.A.), empresa responsável pela construção da hidrelétrica de Santo Antônio, tem compromisso firme com a antecipação. A empresa assinou um aditivo ao contrato no qual se compromete a antecipar a entrega da energia da usina.
A previsão inicial para a operação da primeira turbina de Santo Antônio era dezembro de 2012. Agora, a operação está prometida para dezembro deste ano. É quando a primeira máquina começa a produção de energia.
Mas há um problema. A linha de transmissão de 2.400 quilômetros. O projeto de Furnas e da CTEEP (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista) aguarda a licença de instalação do Ibama. A solução da Mesa será gerar energia em 500 kV (quilovolts), rebaixar a tensão para 230 kV e distribuir no mercado regional.
A Energia Sustentável do Brasil, empresa encarregada da construção e operação de Jirau, também prometeu antecipar a geração de energia, mas pode não conseguir.
Diferentemente de Santo Antônio, a companhia apenas anunciou a antecipação, mas jamais topou assinar um aditivo ao contrato para oficializar a decisão junto à agência reguladora.
Por contrato, a empresa tem até janeiro de 2013 para acionar a primeira máquina.
A Energia Sustentável chegou a sugerir o mês de março de 2012 como início da operação da primeira turbina.
Mas a fúria dos trabalhadores nesta semana deve comprometer essa meta de vez. A volta ao ritmo normal de obras levará tempo, até a reconstrução da infraestrutura para alojar os 20 mil trabalhadores.

PARTE DA CONTA
Com a antecipação, a usina de Santo Antônio conseguirá obter uma receita para compor a engenharia financeira montada para bancar a construção da obra. Sem isso, a empresa Energia Sustentável pode ter dificuldades para fechar a conta.
Isso pode ser um problema, caso seja considerado o fato de que ambas as obras começam a estourar a previsão inicial de custo. Participante do mercado informa que o custo de Santo Antônio subiu de R$ 12 bilhões para R$ 14 bilhões.
Jirau também já teria subido de R$ 10 bilhões para além de R$ 13,5 bilhões.


Texto Anterior: Santo Antônio também paralisa obras
Próximo Texto: Consórcio cobra segurança pública em obra privada
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.