São Paulo, terça-feira, 19 de abril de 2011

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Agência vê retorno de 10,5% ao ano no trem-bala

ANTT prevê transportar 30 milhões de passageiros e faturar R$ 2 bi ao ano

Empresas avaliam os riscos e querem taxa de até 14% ao ano como condição para para participar do projeto

AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO

O diretor-geral da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), Bernardo Figueiredo, disse ontem em encontro na Fiesp, em São Paulo, que o projeto brasileiro do TAV (Trem de Alta Velocidade) tem condições de garantir uma taxa de retorno para os investidores (descontada a inflação) de 10,5% ao ano.
A concessão do projeto é por 40 anos. A Selic, taxa básica de juros da economia brasileira e que remunera os títulos de dívida do governo, está em 11,75% ao ano.
O cálculo da agência para essa taxa de retorno considerou condições não endossadas por eventuais investidores. A ANTT estimou transporte de 30 milhões de passageiros por ano, elevando a 100 milhões no fim da concessão, uma receita anual de R$ 2 bilhões e um orçamento para a construção no valor de R$ 33,1 bilhões.
Essa conta também considera um financiamento de R$ 20 bilhões do BNDES baseado na taxa TJLP (Taxa de Juro de Longo Prazo) e mais um componente de repactuação de juros no valor total de R$ 5 bilhões, caso a demanda não seja atingida nos dez primeiros anos.
O segundo adiamento do leilão, remarcado para julho, fez ressurgir a queda de braço entre o governo e o setor privado. A taxa de retorno é o ponto central da discussão.

RISCOS
Representante de uma construtora brasileira disse que o risco de demanda, apesar de o governo negar, ainda é elevado. Segundo ele, além da real possibilidade de frustração de demanda, existe o risco da obra, uma construção que pode durar seis anos.
"Temos ouvido de alguns investidores que não há como participar desse projeto sem uma taxa de retorno de 13% a 14% ao ano", reforça Marco Missawa, chefe do departamento de Equipamentos Ferroviários da Siemens.
A própria Siemens, fornecedora da tecnologia e dos equipamentos, ainda tem dúvidas se fará parte do consórcio como investidora. "Ainda não sei se seremos apenas fornecedores ou se vamos entrar como sócios", afirma Missawa.
É a dúvida também de Kazuhisa Ota, diretor do departamento de projetos e transportes da japonesa Mitsui & Co. A empresa está envolvida em estudos do trem-bala brasileiro há três anos, mas ainda não chegou a um arranjo com grupos locais.
Ota revela que os grupos nacionais não têm demonstrado suficiente interesse em assumir a liderança do consórcio. "Queremos entrar, estamos preparados para dar um lance, mas é preciso ter um parceiro local. O projeto é brasileiro e precisa de uma liderança de alguém que conheça a cultura local", diz.


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