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cifras & letras
CRÍTICA COMPORTAMENTO
Jornalista usa neurociência para apoiar decisão emotiva
Livro descreve cérebro durante compra,mas não diz o que é resolver bem
CÁSSIO AOQUI
EDITOR-ASSISTENTE DE NEGÓCIOS
Lógica apolínea versus
sentimento dionisíaco; id contra ego; yin ante yang.
Para o editor da revista "Wired"
Jonah Lehrer, a ideia de
dicotomia da natureza humana
não apenas é falsa como também destrutiva.
Em seu recém-lançado "O
Momento Decisivo", Lehrer
vai além.No embate entre razão
e emoção, atreve-se a ficar
do lado desta última e
tenta jogar de vez para o limbo
a tese de que o raciocínio
deve prevalecer ao impulso
na tomada de decisão.
Para isso, o autor, que trabalhou
como Nobel de Medicina
Eric Kandel, reúne descobertas
da neurociência e
da economia comportamental.
Seu intuito é ressaltar a
linha tênue entre uma decisão
boa e outra ruim, pela
perspectiva do cérebro.
Logo no início da obra,
Lehrer deixa claro que seu
objetivo é responder a duas
perguntas "que interessam a
praticamente todo mundo,
de presidentes de corporações
a filósofos acadêmicos":
como a mente toma decisões
e como podemos melhorar
nossa maneira de tomá-las.
A solução para a primeira
indagação ocupa 271 das 332
páginas do texto e é de longe
o melhor de sua empreitada.
O escritor se baseia na analogia
de Herbert Simon, psicólogo
ganhador do Prêmio
Nobel, que compara a mente
humana a uma tesoura
-uma lâmina seria o cérebro,
e a outra, o ambiente específico no qual ele opera.
Sai, dessa forma, do laboratório
e entra no mundo real
"para ver a tesoura em ação".
Por meio de vários casos
dramáticos de momentos decisivos
e de experimentos
científicos, o jovem jornalista
demonstra como se dá o funcionamento
do cérebro na
hora de tomar uma decisão.
Entre eles, apresenta o dilema
de um fuzileiro na primeira
guerra do Iraque que
se depara com a situação de
abater ou não um míssil
-que também poderia ser
mm caça aliado.
DEFEITO EMOCIONAL
Pouco a pouco, termos como
haste, diencéfalo, região
límbica e córtex orbito frontal
passam a fazer sentido para o
leitor que não é da área.
No decorrer dos capítulos,
Lehrer desconstrói teses que
colocam a racionalidade -e
o córtex pré-frontal- acima
de qualquer suspeita.
"Existe apenas um problema
com a premissa da racionalidade
humana: ela está
errada", dispara.
"Durante tempo demais as
pessoas depreciaram o cérebro
emocional, culpando os
sentimentos por todos os
nossos erros. A verdade é
muito mais interessante.
Se
não fosse pelas emoções, a
razão nem mesmo existiria."
Ele culpa a análise excessiva
e o pensar demais por erros
na avaliação de preferências
e atribui a bolha das Bolsas
e do subprime a um "defeito emocional".
Se de um lado o autor desenvolve
com fluidez o pensamento
acerca de como
pensamos, de outro falha na
segunda pergunta que propõe:
como decidir melhor?
Lehrer usa menos de dez
páginas para indicar o que
fazer com todo o conhecimento até ali apresentado.
Para o leitor mais exigente,
nesse momento entra em
ação o córtex cingulado anterior,
que, como apresenta o
livro, "é uma concentração
densa de neurônios dopaminérgicos
envolvida coma detecção de erros de predição".
O MOMENTO DECISIVO
AUTOR Jonah Lehrer
TRADUÇÃO Marcelo Schild
EDITORA Best Business
QUANTO R$ 39,90 (336 págs.)
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