São Paulo, domingo, 19 de junho de 2011

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Itaipu será modelo para a Amazônia

BNDES estuda incluir sistema de ações socioambientais na lista de exigências atreladas a novos financiamentos

Produção de pescado no lago da usina e geração de energia com dejetos da suinocultura são dois dos programas criados

Carlos Cecconello/Folhapress
O produtor Estevão Martins de Souza em área de criação de pacu no lago criado pela hidrelétrica de Itaipu, no Paraná

AGNALDO BRITO
ENVIADO ESPECIAL A FOZ DO IGUAÇU (PR)

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) pretende usar o modelo de ações socioambientais de Itaipu nos empreendimentos que financia, o que inclui as grandes hidrelétricas na Amazônia.
A Folha apurou que o sistema de Itaipu fará parte do rol de exigências atreladas aos financiamentos.
A usina de Belo Monte, que começará a ser construída no rio Xingu (PA), poderá ser a primeira a ter metas ancoradas no modelo de Itaipu.
O banco recolhe informações sobre várias iniciativas em andamento na bacia do rio Paraná.
O projeto que ancora as ações de Itaipu é o Cultivando Água Boa, que mobiliza 29 municípios afetados pelo lago da usina. O orçamento é de US$ 6 milhões (cerca de R$ 9,6 milhões).
A iniciativa envolve de educação ambiental contínua a produção de peixe em tanques dentro do reservatório; da formação do parque tecnológico dentro de Itaipu ao apoio à geração de energia a partir de dejetos de suínos.

PEIXE E SUÍNO
Com um lago de 1.350 km2 e vazão média de 10 mil metros cúbicos de água por segundo, Itaipu criou um programa para estimular a formação de um novo negócio na região: a aquicultura.
Os 71 pescadores cuidam hoje de 300 tanques de produção de pescado no lago. A produção alcança 800 toneladas por ano, mas o potencial estimado é de 14 mil toneladas de peixe por ano.
"Vivo apenas de pesca extrativa. Isso tudo mudou minha vida", diz Estevão Martins de Souza, 42, de Santa Terezinha de Itaipu.
José Carlos Colombari, 47, produtor rural de São Miguel do Iguaçu -a 70 quilômetros de Foz-, é o primeiro produtor de eletricidade a vender energia gerada com dejetos da suinocultura.
Na propriedade de 250 hectares, ele instalou um gerador que produz 30 mil kWh por ano. A propriedade consome 9.000 KWh, e o restante (21 mil KWh) é vendido para a Copel (Companhia Paranaense de Energia Elétrica).
Além da energia, o processo rende biofertilizante, usado na pastagem do gado de corte. Tudo somado, Colombari tem uma renda adicional de R$ 60 mil por ano.
Um projeto de geração distribuída, desenvolvido pelo Parque Tecnológico criado em Itaipu, tornou a proposta técnicamente viável.
A influência política da usina completou o serviço e permitiu que a miniusina de Colombari fizesse a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) mudar a legislação para permitir que pequenos produtores como ele gerem energia elétrica e vendam às distribuidoras.


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