São Paulo, segunda-feira, 19 de julho de 2010

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Eletronuclear quer bolsa para engenheiro

Empresa negocia programa para graduação e pós e tenta evitar "fuga" de mão de obra para o setor de petróleo

Principais projetos previstos no setor são a construção da usina de Angra 3 e nova central nuclear no Nordeste

Vanderlei Almeida - 19.jan.06/France Presse
Técnicos verificam o abastecimento de urânio da usina nuclear Angra 2; Eletronuclear vai incentivar a formação de nova geração de profissionais

JANAINA LAGE
DO RIO

A Eletronuclear negocia a criação de um programa de bolsas para estudantes de graduação e pós-graduação em engenharia nuclear.
O objetivo é incentivar a formação de uma nova geração de profissionais.
Segundo Leonam dos Santos Guimarães, assistente da presidência da Eletronuclear, a estatal tem conversado, ainda em caráter preliminar, com a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e com o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
Os principais projetos previstos no setor são a construção da usina de Angra 3 e uma nova central nuclear no Nordeste, além da construção de um reator multipropósito (destinado à pesquisa científica e à fabricação de radiofármacos, usados em exames de imagem e no tratamento de doenças).
Na construção de uma usina, somente 15% do pessoal empregado precisa ter formação especializada.
O setor tem sofrido, no entanto, com a concorrência da área de petróleo e dos projetos relacionados ao pré-sal.
"A Petrobras é um aspirador, que está empregando grande quantidade de engenheiros. É preciso criar mecanismos de incentivo", afirma Aquilino Senra, professor de engenharia nuclear da Coppe/UFRJ.
Atenta ao aquecimento do mercado, a UFRJ lançou o primeiro curso de graduação em engenharia nuclear. Até então, o curso só estava disponível na pós-graduação.

TROCA DE CURSO
A retomada do programa nuclear foi o que animou Juliana Duarte, 23, a abandonar o último ano de física na Unicamp e se inscrever em engenharia nuclear.
"Quero trabalhar na área de pesquisa de reatores nucleares. O país precisa produzir mais energia, é uma área com perspectiva de crescimento", disse.
Cálculos da Aben (Associação Brasileira de Energia Nuclear) mostram que a média de idade dos profissionais do setor é de 54 anos.
"Para um programa de quatro usinas nucleares até 2030, como estimou inicialmente o governo, seria necessário contar com 3.000 profissionais diretamente envolvidos com essa indústria", afirma o presidente da Aben, Guilherme Camargo.
Ele destaca que o país já contou com ao menos dois programas de formação profissional para o setor, nas décadas de 1970 e 1980: o Pró-Nuclear e o Projeto Urânio, criados após a assinatura do acordo Brasil-Alemanha.
Na avaliação de Odair Gonçalves, presidente da CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear), o cenário hoje é diferente porque o país já conta com programas de pós-graduação consolidados. "Houve muito desperdício naquela época. Muita gente foi para a Alemanha e não continuou na área."
Segundo Gonçalves, a maior preocupação da CNEN hoje é com a recomposição do quadro de funcionários.
A comissão realizou recentemente um concurso para preencher 200 vagas, mas ele afirma que é necessário contratar mais 500 pessoas nos próximos anos.


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