São Paulo, terça-feira, 19 de julho de 2011

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Com medida do BC, banco pequeno pode ser "estrangulado"

Venda de carteira de crédito não será mais usada para engordar patrimônio e, logo, aumentar cessão de crédito

Mudança contábil visa adequar país a regra internacional, mas pode resultar em crédito mais caro

SHEILA D'AMORIM
FLÁVIA FOREQUE

DE BRASÍLIA

Como se não bastassem a confiança abalada após as fraudes do PanAmericano, a dificuldade para captar recursos e as medidas do governo para frear a concessão de empréstimos, bancos pequenos e médios terão de se adaptar a uma realidade ainda mais dura daqui para frente.
Uma nova regra do CMN (Conselho Monetário Nacional) -que entrará em vigor em janeiro de 2012- afetará um dos principais instrumentos para essas instituições conseguirem dinheiro para suas operações: a venda dos créditos concedidos.
Além disso, a partir do ano que vem o FGC (Fundo Garantidor de Crédito), grande salvador desses bancos após a crise de crédito de 2008, reduzirá sua atuação como avalista de depósitos especiais nessas instituições.
A preocupação com o futuro está fazendo com que, por um lado, os bancos saiam à caça de parceiros para continuar operando. Do outro, cresce a pressão para o governo amenizar as regras.
Segundo a Folha apurou, o Banco Central analisa se será necessário implementar de forma gradual a nova regra, que foi aprovada em 2008 pelo CMN e vinha sendo postergada. A norma muda a forma como os bancos registram na contabilidade as operações de venda das carteiras.
Se em vigor a partir de janeiro, bancos não poderão mais usar, de uma vez, a receita obtida com a venda dos créditos para engordar lucro e patrimônio e, com isso, emprestar mais. O impacto será diluído ao longo do vencimento de contratos vendidos.
"Realmente é [uma pancada]", admite Antonio Carlos Bueno, diretor-executivo do FGC. No entanto, ele argumenta que é uma adaptação às regras internacionais.
Para a equipe econômica, a mudança não é surpresa. Está prevista desde 2008 e, em junho de 2010, as instituições foram avisadas de que entraria em vigor em 2012.
Oficialmente, o governo não fala em novo adiamento, mas a proposta foi posta em discussão após o estresse pelo caso PanAmericano.
O risco de mais problemas no setor fez com que o FGC não acabasse com uma linha de compra de carteiras criada no auge do impacto da crise e usada hoje por 22 bancos.
Outro instrumento importante oferecido pelo FGC, porém, começará a desaparecer em 2012. É o que garante, em caso de quebra, as aplicações dos clientes em títulos especiais até R$ 20 milhões. Com ele, os bancos conseguiram captar recursos na crise.
"A regra é reduzir 20% ao ano [estoque de operações], nos próximos cinco anos, até zerar", afirma Bueno.


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