São Paulo, segunda-feira, 19 de setembro de 2011

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FINANÇAS PESSOAIS

MARCIA DESSEN marcia.dessen@bmibrasil.com.br

Será que terei renda suficiente para bancar a aposentadoria?

No meio financeiro é famosa a história de Jorge Guinle. Herdeiro de uma fortuna, Jorginho, como era chamado na roda social do Rio de Janeiro, gabava-se de nunca ter tido de trabalhar.
Segundo a história contada, ele estimou que viveria 80 anos e calculou como e quanto poderia gastar para viver bem -muito bem- durante a vida toda.
Acontece que Jorginho viveu mais do que imaginava. Morreu aos 88 anos, e seu dinheiro acabou antes.
Nos últimos anos de vida, diz a lenda, morou "de favor" no Copacabana Palace, fundado por seu tio.
Nada mau morar "de favor" no Copacabana Palace, não é mesmo? Mas como a maioria de nós não vai herdar fortuna nem ganhar sozinho na loteria, temos de assegurar, durante nossa vida ativa, que teremos um fluxo de renda certo e contínuo, a partir de determinada data, proveniente de outra fonte que não o nosso trabalho.
E que esse fluxo de renda dure enquanto vivermos. E ainda, que ampare nossos entes queridos até que eles possam gerar sua própria renda.

PLANEJAR
Para planejar corretamente nossa aposentadoria, é preciso responder diversas perguntas e fazer algumas projeções.
Qualquer erro ou exagero em algumas projeções pode comprometer nossos planos e talvez descubramos isso tarde demais. Por isso, todo cuidado é pouco na hora desse planejamento.
1. Idade atual e idade de aposentadoria: a partir dessas duas datas será possível calcular o período de acumulação dos recursos.
Quanto maior o período, menor será o esforço de poupança. Esse é o período durante o qual acumulamos dinheiro para utilização no futuro. Vamos chamá-lo de "período de acumulação".
2. Reserva financeira já existente e valor mensal disponível para esse objetivo específico: essa informação nos permite estimar o capital que será acumulado durante a vida ativa.
Quanto maior o valor disponível, menor será o período de acumulação. Se o valor disponível for escasso, nosso futuro financeiro está mais distante.
3. Renda mensal futura desejada: outra forma de planejar nossa aposentadoria é estabelecer o valor da renda futura desejada.
Exemplos:
R$ 5.000 mensais, período de acumulação de 20 anos e taxa de juros durante esse período de 4% ao ano.
Assim, poderemos estimar quanto devemos poupar mensalmente para atingir o capital necessário que, a partir de determinada data, proporcionará a renda desejada.
4. Taxa de juros durante o período de acumulação: sejamos muito conservadores nessa projeção. Estimar uma taxa de juros elevada pode nos induzir a acreditar em um futuro que não vai acontecer.
Hoje, a taxa de juros nominal da economia brasileira é de 12% ao ano, mas como esse projeto é de longuíssimo prazo, é mais razoável supor juros na faixa de 6% ao ano.
Fique atento e não deixe de levar em conta que a taxa de juros projetada deve ser:
a) Real, ou seja, a taxa recebida acima da inflação. Dada uma taxa nominal de 6% ao ano e inflação de 3% ao ano, a taxa real de juros é de 3% ao ano.
É fundamental não esquecer do efeito da inflação. Se hoje você imagina que consegue viver com renda mensal de R$ 5.000 é porque sabe quanto consegue comprar com esse dinheiro. Qual será o poder de compra dos mesmos R$ 5.000 daqui a 10 ou 20 anos? Certamente menos do que compramos hoje, por menor que seja a inflação futura. Fique ligado!
b) Líquida, ou seja, descontada as taxas de carregamento e de administração financeira, corretagens etc. que incidem sobre o capital durante a fase de acumulação e o Imposto de Renda que incidirá sobre o resgate ou sobre a renda futura contratada, conforme o produto de investimento/acumulação que for comprado.
5. Monitoramento do plano: precisamos verificar periodicamente se as premissas adotadas continuam válidas, se a rentabilidade estimada está ocorrendo, se estamos depositando os aportes previstos. E fazer os ajustes necessários para assegurar que o nosso objetivo será alcançado no futuro.
Agora que você tem um plano, vamos analisar, nas próximas duas próximas colunas, como implementar esse plano: por conta própria ou comprando um seguro de renda futura.

MARCIA DESSEN, Certified Financial Planner, é sócia e diretora-executiva do BMI Brazilian Management Institute, professora convidada da Fundação Dom Cabral e cofundadora do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros.



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