São Paulo, segunda-feira, 19 de setembro de 2011

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'Terra rara' chinesa eleva preços nos EUA

Produção limitada de matéria-prima de domínio dos asiáticos aumentou em 37% valor de lâmpada fluorescente

Governo afirma que paralisação do setor é necessária para que possam resolver problemas de poluição

KEITH BRADSHER
DO "NEW YORK TIMES"

Em nome do combate à poluição, a China causou uma disparada nos preços das lâmpadas fluorescentes compactas nos Estados Unidos.
Ao fechar ou nacionalizar dezenas de empresas que produziam metais de terras raras-usados para fabricar lâmpadas de baixo consumo de energia -, a China paralisou o setor e restringiu a oferta mundial de recursos vitais.
O país produz cerca de 95% dos materiais de terras raras mundiais, e está tomando medidas para melhorar os controles de poluição em seu setor de mineração.
As medidas tem implicações para o comércio internacional e deram início a uma nova leva de aumentos de preços para as terras raras.
Segundo a General Electric, que enfrenta queixas nos EUA pelo preço de suas lâmpadas, o reajuste nos últimos 12 meses de um dos componentes equivale a um copo de café cujo preço saltasse de US$ 2 a US$ 24,55.
O preço médio das lâmpadas fluorescentes subiu 37% este ano, de acordo com a associação americana do setor.
O Wal-Mart, que promoveu fortemente o uso de lâmpadas fluorescentes compactas, reconheceu a necessidade de elevar os preços de algumas marcas.
"O alto custo dos metais de terras raras está tendo efeito significativamente adverso sobre a produção de turbinas eólicas e motores elétricos, a despeito dos subsídios governamentais aos fabricantes de produtos ecológicos de energia", disse Michael Silver, presidente-executivo da American Element.
No caso das lâmpadas, especialmente, os recentes aumentos de preço causam complicações políticas ao setor de iluminação e aos ambientalistas que defenderam uma transição compulsória para o uso de lâmpadas de maior eficiência energética.
Em janeiro entra em vigor nos EUA uma lei para promover a substituição de lâmpadas incandescentes tradicionais pelas lâmpadas fluorescentes. A União Europeia também ordenou a substituição por material de maior eficiência energética.

PARALISAÇÃO
A China diz ter paralisado sua indústria das terras raras por três meses a fim de resolver problemas de poluição.
Ao invocar preocupação ambiental, o país pode estar tentando contornar normas de comércio internacional que proíbem restrições à exportação de materiais vitais.
Em julho, a União Europeia anunciou que apoiava esforços de proteção ambiental na cadeia de produção de metais de terras raras, mas condenou a discriminação contra os compradores estrangeiros, alegando descumprimento das regras da Organização Mundial de Comércio (OMC).
A China impõe tarifas e cotas sobre suas exportações de materiais de terras raras há alguns anos, reduzindo a oferta mundial e causando altas de preços de 800% a 4.000% para 17 elementos de terras raras, no período.
Mesmo antes da recente decisão chinesa, Estados Unidos e União Europeia já estavam preparando um apelo à OMC, no final do ano, para contestar os impostos e cotas de exportação chineses.
O governo está determinado a limpar o setor, diz o presidente da Câmera de Comércio de Metais, Minerais e Produtos Químicos, Xu Xu. "Os empresários não se preocupam com problemas ambientais. Temos de educá-los."
Tradução de PAULO MIGLIACCI



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