Em meio ao escândalo de banco, Luiz Sandoval afirma que pediu demissão após discordar de decisões de Silvio

Sobrinho de empresário, que exercia a função de diretor-executivo do SBT, vai comandar as 44 empresas do grupo

MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA

TONI SCIARRETTA
MARIANA BARBOSA
DE SÃO PAULO

Braço direito do empresário Silvio Santos, o executivo Luiz Sebastião Sandoval pediu demissão ontem, em "caráter irrevogável", da presidência do Grupo SS.
É a primeira baixa no grupo de um executivo do alto escalão fora do banco PanAmericano, após o afastamento de toda a diretoria por conta do escândalo de maquiagem de balanço, que causou um rombo de R$ 2,5 bilhões, coberto com empréstimo do FGC (Fundo Garantidor de Créditos).
No lugar de Sandoval, sobe Guilherme Stoliar, sobrinho de Silvio Santos, que vinha exercendo a função de diretor-executivo do SBT.
Advogado de formação, Sandoval trabalhava com Silvio Santos havia 40 anos. Ele comandava as 44 empresas do grupo, todas elas dadas em garantia pelo empréstimo para sanear o banco.
Em entrevista à Folha no fim da noite de ontem, Sandoval disse que a decisão de sair do grupo foi dele, e não de Silvio.
"Agora que está tudo resolvido no banco, pedi demissão. Não aceitei as ideias dele [Silvio], decisões que ele quer tomar: o que fazer, o que não fazer, o que manter, o que não manter. São decisões empresariais que eu não aceitei", disse.
Sandoval diz que continua admirando Silvio Santos.
"Ele é um cara maravilhoso, correto, honesto e leal, mas tem um gênio forte e eu também."
Logo que foi revelado o rombo no PanAmericano, Sandoval disse que desconhecia os problemas.
"Eu não desço à contabilidade das empresas", disse. "Nós, na holding, trabalhamos com os relatórios, pareceres de auditoria externa, do conselho fiscal. A Caixa fez uma "due dilligence" (auditoria para avaliar preço de empresa) pela KPMG e não captou nada", afirmou.

NEGOCIAÇÃO
Profissionais envolvidos no socorro ao banco notaram que Silvio Santos tomou a dianteira e negociou pessoalmente com os banqueiros o empréstimo do Fundo Garantidor de Créditos.
Em 2009, Sandoval havia comandado a venda de 35,5% do PanAmericano para a Caixa. À época, chegou a dizer que os demais bancos "pisaram no pescoço" do PanAmericano, pedindo taxas altas para empréstimo, durante a crise de 2008.
Outra mudança foi a nomeação de José Roberto dos Santos Maciel como vice-presidente do SBT. Maciel era diretor administrativo e financeiro do SBT.
A filha de Silvio Santos Daniela Beyruti continua no cargo de diretora-executiva da rede de televisão.


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