São Paulo, quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

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Juíza rejeita pedido da Odebrecht em disputa com sócios

Família Gradin, que tem 20% das ações do grupo, diz que não quer vender sua parte

RICARDO BALTHAZAR
DE SÃO PAULO

Uma juíza da Bahia rejeitou ontem pedido apresentado pela família Odebrecht para que fosse desconsiderada a ação judicial movida contra ela pela família Gradin, dona de 20,6% das ações da empresa que controla o grupo Odebrecht.
As duas famílias se desentenderam no ano passado, quando os Odebrecht quiseram mudar o contrato que há uma década disciplina as relações entre os acionistas do grupo. Os Gradin rejeitaram a proposta, e os Odebrecht decidiram afastá-los do grupo, comprando suas ações.
O acordo de acionistas prevê que os Odebrecht, donos de 62,3% das ações, podem fazer isso em determinadas situações. Mas os Gradin não gostaram do preço oferecido pelas suas ações, alegam que as condições previstas no acordo não foram respeitadas e decidiram levar a disputa à Justiça em dezembro.
Eles querem que um árbitro independente seja nomeado para ajudar as duas famílias a se entender, como prevê o acordo de acionistas. A Odebrecht tentou evitar isso ao contestar a ação na Bahia, mas sua petição foi rejeitada ontem pela juíza Maria de Lourdes Oliveira Araújo.
Com a decisão da juíza, ficou mantida uma audiência de conciliação marcada para o dia 23 de fevereiro, em Salvador. Se nada mudar até lá, será a primeira vez em que os representantes dos dois clãs discutirão suas diferenças frente a frente no tribunal.
As duas famílias são sócias há quase quatro décadas. O patriarca dos Gradin, o economista Victor Gradin, 78, é amigo do fundador do grupo, o engenheiro Norberto Odebrecht, 90, e tornou-se seu sócio depois de ajudar a reestruturar o grupo num momento de crise, nos anos 70.
Dois filhos de Gradin exerceram funções de destaque na administração do grupo nos últimos anos. Bernardo presidiu o braço petroquímico, a Braskem, e Miguel dirigiu a Odebrecht Óleo e Gás. Ambos se desligaram das empresas em dezembro.
Os Gradin dizem não ter interesse em se desfazer da participação que têm no grupo, que cresceu muito nos últimos anos e hoje é comandado por Marcelo Odebrecht, neto do fundador Norberto.
Com faturamento de R$ 40 bilhões em 2009, o grupo atua nas áreas de construção civil, energia, produção de etanol e saneamento básico e é sócio da Petrobras na Braskem, que domina o mercado brasileiro de resinas para fabricação de plásticos.


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