São Paulo, quarta-feira, 20 de abril de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

ANÁLISE COMMODITIES

Citricultura paulista busca tecnologias para elevar ganhos


A CITRICULTURA DE SP RESPONDEU POR 78% DA PRODUÇÃO BRASILEIRA DE LARANJAS EM 2010.A PRODUTIVIDADE MÉDIA FOI DE 24 TONELADAS POR HECTARE, ANTE 20 TONELADAS HÁ 15 ANOS


MAURICIO MENDES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Na semana que passou, o Instituto Agronômico de Campinas organizou o 1º Simpósio Internacional de Irrigação e Fertirrigação na Citricultura.
O evento reuniu boa parte dos maiores especialistas do mundo no assunto, que traçaram um panorama das principais tecnologias que vêm sendo usadas pelo setor.
O tom das apresentações deixou clara a crescente tendência da busca pelas tecnologias que levem à produtividade máxima na produção de laranjas.
A principal vitrine dessas tecnologias é justamente a citricultura paulista, responsável por 78% da produção brasileira de laranjas em 2010. No ano passado, a atividade alcançou produtividade média de 24 toneladas de laranjas por hectare, com crescimento de 21% ante a média de 20 toneladas, há 15 anos.
Dentre as inovações tecnológicas responsáveis por tal evolução, destaca-se a difusão de tecnologia adaptada. A categoria abrange desde o aprimoramento de variedades adaptadas às diferentes regiões, passando por melhorias na tecnologia de produção de mudas e, por fim, culminando no aumento da área irrigada.
Estima-se que cerca de 18% da citricultura paulista esteja sendo irrigada. Há pouco mais de uma década, o índice não passava de 4%.
A cultura cítrica responde muito bem à adoção da irrigação.
O sucesso dessa técnica é muito maior na parte norte do cinturão citrícola -noroeste e norte de São Paulo e Triângulo Mineiro-, onde o clima é tipicamente mais quente e seco.
Nessas localidades, a aplicação de água suplementar pode trazer incrementos superiores a 20% em relação aos verificados em áreas de sequeiro.
Já em regiões mais ao sul de São Paulo, onde a distribuição de chuvas é mais equilibrada ao longo do ano, a eficácia da irrigação é menor.
Outra tecnologia que deve ter importância crescente na citricultura paulista é a agricultura de precisão, técnica que permite identificar necessidades nutricionais específicas em diferentes áreas da propriedade.
Inicialmente voltada para culturas anuais, como soja, milho e algodão, a agricultura de precisão vem ganhando espaço em culturas permanentes, como café e citrus.
Entre as principais vantagens perante o tradicional sistema de amostragem de solo, destaca-se a possibilidade de correção cirúrgica das deficiências minerais encontradas nas plantas, podendo assim ajustar a nutrição das plantas com ganhos de produtividade e racionalização de custos.
A eficácia de todas essas ferramentas também deve ser analisada do ponto de vista ambiental. Nesse caso, o estudo da irrigação, que utiliza um bem tão nobre como a água, deve ser feito de maneira cautelosa.
O ponto positivo é que o Brasil dispõe de normas legais para implementar o uso racional dos recursos hídricos, como as outorgas fornecidas pelos órgãos ambientais estaduais e federais para fazer uso desse insumo natural.
A agricultura de precisão vai na direção da sustentabilidade, já que preconiza a otimização e a racionalização do uso dos insumos, sejam fertilizantes ou defensivos agrícolas.
No momento em que a citricultura vê seus custos aumentados para garantir o controle de pragas e doenças, o produtor deve buscar manter-se rentável.
Atenção a tecnologias que promovam o aumento de produtividade e a otimização de custos são primordiais para conseguir esse intento.

MAURICIO MENDES é CEO da InformaEconomics FNP, consultor do Grupo de Consultores em Citros e presidente da ABMR&A.


Texto Anterior: Foco: Ônibus com diesel de cana passa a rodar em SP neste ano
Próximo Texto: Vaivém - Mauro Zafalon: Exportações brasileiras de gado vivo recuam 30% no primeiro trimestre
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.