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BNDES força estádios a ficar "verdes" para Copa-14
Quatro Estados tentam certificados; obra fica entre 3% e 10% mais cara
Arenas que seguirem regras ecológicas do banco terão economia com o uso de energia
e reutilização de água
THAIS BILENKY
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Estádios que sediarão jogos da Copa do Mundo no
Brasil, em 2014, devem atender a exigências ambientais
do Ministério do Esporte para
ter financiamento do BNDES.
Os requisitos básicos para
o financiamento são a coleta
seletiva de lixo e a reciclagem
do material de demolição,
aproveitamento da água da
chuva nos banheiros e gramados, otimização da ventilação e da iluminação naturais e uso de biocombustíveis
(veja quadro abaixo).
O BNDES já foi procurado
por 4 das 12 unidades da Federação que sediarão o Mundial: Amazonas, Bahia, Mato
Grosso e Ceará.
Cada cliente pode conseguir até R$ 400 milhões como financiamento do banco
para as obras dos estádios,
mas para isso precisará de
certificados ambientais reconhecidos globalmente.
A maioria dos escritórios
de arquitetura contratados
pelos Estados e municípios
que sediarão jogos está atrás
dos selos verdes.
As obras precisam ser vistoriadas desde a primeira
martelada para serem aprovadas, porque os selos levam
em conta o material escolhido e seu transporte até o canteiro, entre outros aspectos.
Os arquitetos afirmam que
a médio e longo prazos o investimento compensa.
Vicente de Castro Mello,
arquiteto responsável pelo
projeto do Estádio Nacional
de Brasília, que substituirá o
Mané Garrincha, afirma que
as arenas verdes dão retorno
de sete a dez anos após a
construção. "A partir daí, você só tem benefícios", diz.
Os benefícios são, sobretudo, a geração da energia (por
meio de painéis fotovoltaicos, que usam luz solar) consumida pelo próprio estádio.
Essa também é a aposta de
Gustavo Penna, arquiteto da
reforma do Mineirão, em Belo Horizonte (MG).
Segundo Penna, o estádio
venderá para a Cemig a energia produzida pelos painéis.
Nos dias de jogos, consumirá
energia sem ter de pagar à
companhia.
Para aproveitar a luz solar,
Penna afirma que implantará
coberturas translúcidas e
usará cores claras, especialmente o branco.
Esses benefícios devem
compensar também o encarecimento das obras: com as
restrições do BNDES, os projetos de construção e reforma
das arenas ficam de 3% a
10% mais caros, segundo arquitetos ouvidos pela Folha.
SELOS
A construção da Arena
Amazônia, em Manaus (AM),
por exemplo, custará, segundo o governo estadual,
R$ 499 milhões. Sem os requisitos ambientais, poderia
sair por R$ 449,1 milhões.
O gerente responsável pela sua construção, Osmar
Aguiar, diz que tem preocupações em reciclar e reutilizar cadeiras, materiais de
som e iluminação do antigo
Vivaldão, em Manaus.
O Estádio Nacional de Brasília, a Arena Amazônia e o
Mineirão buscam o selo americano Leed (Liderança em
Energia e Design Ambiental,
em inglês). A Fonte Nova, de
Salvador (BA), deve ir atrás
do mesmo certificado.
O Estádio das Dunas, de
Natal (RN), ainda não definiu
qual selo vai buscar.
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