São Paulo, domingo, 20 de junho de 2010

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Aplicativo para celular vira negócio milionário

Criação de programas para telefone atrai jovens profissionais e amadores

Mercado deve movimentar cerca de US$ 6,8 bi neste ano, alta de 62% sobre 2008, segundo consultoria

MARIANA BARBOSA
DE SÃO PAULO

O videogame está liberado e tem até carrinho de pipoca e helicóptero com controle remoto para os momentos de descontração.
"Quando a gente acorda, não vê a hora de ir para o trabalho", diz Paulo Saito, 23 anos, programador de aplicativos para aparelhos móveis da FingerTips, uma start-up de tecnologia de São Paulo, que neste ano deve faturar cerca de R$ 4,5 milhões, o dobro do ano anterior.
Desde o final de 2008, quando a Apple liberou seu sistema operacional para programadores externos, "nerds" de todos os cantos do mundo entraram numa corrida para criar aplicativos e vender a usuários do iPhone na loja virtual App Store.
Seja por hobby, seja profissionalmente, a corrida é motivada pela chance de ganhar alguns milhares de dólares.
Mas, para isso, o aplicativo precisa bombar na internet. Se 1,5 milhão de pessoas baixarem o aplicativo, ao custo de US$ 0,99, por exemplo, é mais de US$ 1 milhão na conta do criador.
A Apple mantém um rígido controle sobre os aplicativos vendidos na App Store e fica com 30%. Até o mês passado, a empresa de Steve Jobs havia repassado US$ 1 bilhão aos programadores.
Desde a criação da App Store, no final de 2008, 5 bilhões de aplicativos foram baixados. A maioria é gratuita ou patrocinada por alguma empresa.
Um dos primeiros aplicativos pagos a romper a barreira de 1 milhão de downloads foi o iFart (euPeido), espécie de piada sonora.

CABEÇA FERVENDO
No Brasil, existem 4.800 desenvolvedores criando aplicativos para a Apple, sonhando com a sorte grande.
"A gente sempre tem uma pontinha de esperança de conseguir 1 milhão de down- loads", diz o analista de sistemas Renato Pessanha, 34.
Morador de Sorocaba, Pessanha trabalha em São Paulo e programa para o iPhone nas horas vagas. São quatro horas por dia e mais 12 aos finais de semana. Já criou 25 aplicativos. Os seis que "pegaram" geram uma renda superior a seu próprio salário: R$ 10 mil por mês, em média.
O mais popular é um jogo da forca, com versões em cinco idiomas: foi baixado 50 mil vezes em um ano e meio. Além da comissão de 30% da Apple, o leão da Receita Federal come mais 27,5%.
Na FingerTips, onde trabalham 21 garotos na faixa dos 20 anos, a maioria dos aplicativos é feita sob encomenda de empresas. Mas a garotada também cria joguinhos para o consumidor final, como o jogo da velha OXO, que rende US$ 2.500 por mês.
"A molecada tem a cabeça fervendo de ideias", diz um dos sócios, Breno Masi, 27, que é quase um pai para eles. Muitos abandonaram a faculdade ou sequer têm idade para isso.

MERCADO

O mercado de aplicativos para aparelhos móveis (smartphones e tablets) deve movimentar US$ 6,8 bilhões neste ano, sendo US$ 600 milhões com publicidade, segundo a consultoria Gartner. É 62% mais do que no ano anterior. Para 2013, a previsão é de US$ 29,5 bilhões.
A Apple detém 28% do mercado de smartphones nos EUA e é de longe a líder em aplicativos para aparelhos móveis. Mas o Google, que criou o sistema Android, está vindo com força.
Com uma plataforma aberta, como o Linux, o Android roda em aparelhos de diversos fabricantes.
Os aplicativos não dependem da aprovação do Google. Para vender na loja do Google é preciso pagar taxa de US$ 25. Não há comissão. O Android está em 9% dos smartphones nos EUA.


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