São Paulo, domingo, 20 de junho de 2010

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Em meio a pressão, China indica que vai valorizar moeda

Alvo de críticas internacionais, yuan está atrelado ao dólar desde 2008, favorecendo a exportação chinesa

Decisão é elogiada por FMI e EUA, que têm deficit bilionários com a China; medida pode beneficiar Brasil

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Em meio a pressões internacionais, principalmente dos EUA, a China anunciou ontem que vai aumentar a flexibilidade de sua taxa de câmbio, em um indício de que retomará a política de valorização gradual do yuan em relação ao dólar.
O anúncio do banco central da China ocorre a uma semana de reunião do G20 no Canadá, onde se esperava que o yuan fosse um dos temas dominantes.
Com isso, as pressões sobre a política cambial chinesa devem diminuir na reunião dos principais líderes mundiais.
Anteontem, o presidente dos EUA, Barack Obama, em crítica que pareceu direcionada à China, disse estar preocupado com a "forte dependência das exportações por parte de países que já têm grandes superavit externos".
Há quase dois anos a China mantém estável a taxa de câmbio do yuan em relação ao dólar.
O "congelamento" do câmbio foi adotado em meio à crise global para ajudar a indústria chinesa, já que a moeda desvalorizada facilita as exportações.
Em 2009, a China se tornou o maior exportador global, ao passar a Alemanha.
O banco central chinês, no entanto, não deu prazo para deixar a moeda flutuar novamente e descartou uma valorização de uma só tacada. Segundo a entidade, não há justificativa para "uma apreciação em larga escala".
E a crise na Europa torna ainda mais improvável que os chineses iniciem logo a valorização cambial.

REPERCUSSÃO
O diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, disse que o yuan forte "vai ajudar a elevar a renda dos chineses e a fornecer o incentivo necessário para reorientar o investimento em direção a indústrias que atendem o consumidor chinês".
O secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, afirmou que uma implementação rápida da flexibilização do yuan "faria uma contribuição positiva para um crescimento global forte e equilibrado".
Os EUA são os principais críticos da política cambial chinesa. Isso porque a China mantém enormes superavit no comércio com os americanos. No primeiro quadrimestre, os chineses foram responsáveis por quase 40% do deficit comercial norte-americano, de US$ 181 bilhões.
O Brasil pode ser favorecido com a medida, já que, com o yuan valorizado, os itens do país podem ganhar competitividade externa.


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