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Indefinição do pré-sal faz Vale superar Petrobras
Avaliada em US$ 145 bi, mineradora é a principal brasileira em valor de mercado; estatal perde um quarto do seu tamanho em Bolsa neste ano
Governo trabalha com dados preliminares em que o preço do barril na capitalização ficará entre US$ 7 e US$ 10
VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA
TONI SCIARRETTA
ÁLVARO FAGUNDES
DE SÃO PAULO
A Petrobras perdeu ontem
o posto de maior empresa
brasileira na Bolsa para a Vale por conta da indefinição
sobre o preço do petróleo que
servirá como base para a capitalização da companhia.
Na Bolsa, a Petrobras valia
ontem US$ 144,6 bilhões, enquanto a Vale estava em
US$ 145,5 bilhões. Em 1997,
quando foi privatizada, a Vale custava 43% da Petrobras.
Só neste ano, a estatal perdeu um quarto do seu valor
de mercado -é uma das gigantes do setor que mais perderam tamanho.
"As duas empresas fazem
parte do mercado de commodity, mas a Vale não tem a
pressão de uma capitalização de R$ 150 bilhões. É muito mais o enfraquecimento
de uma do que o fortalecimento de outra", disse Mônica Araújo, chefe de análise
da corretora Ativa.
A Vale, além de passar a
Petrobras, tornou-se a maior
das Américas (fora os EUA)
em valor de mercado. Se forem contadas as norte-americanas, ela é a 14ª maior.
A mineradora, pelo menos
em valor de mercado, tem se
comportado melhor que as
concorrentes do setor. Enquanto ela aumentou em 5%
o seu tamanho desde o início
de janeiro, as suas principais
rivais (BHP Billiton e Rio Tinto) encolheram.
CAPITALIZAÇÃO
A principal dúvida é o preço do petróleo no pré-sal. No
início do ano, estimava-se
que só a extração a 5 km de
profundidade custaria de
US$ 35 a US$ 40 por barril.
Na Bolsa de Nova York, o
barril de petróleo fechou ontem cotado a US$ 74,43.
O governo Lula trabalha
com dados preliminares indicando que pode ficar entre
US$ 7 e US$ 10 o preço do
barril que a União usará na
capitalização, operação que
pode atrasar e ficar para outubro ou depois das eleições.
Os acionistas minoritários
e a Petrobras pressionam para que fique entre US$ 5 e
US$ 6. Quanto maior o valor
do petróleo, menos interessante é para os minoritários.
Por isso, a projeção de um
barril caro derruba as ações.
A decisão do governo será
tomada só depois de a ANP
(Agência Nacional do Petróleo) encaminhar ao governo
o laudo da certificadora Gaffney Cline, contratada para
avaliar o valor e o volume das
reservas que a União cederá
à estatal para entrar como
sua parte na capitalização.
Os dados do laudo da ANP
serão usados nas negociações entre União e Petrobras,
que também contratou outra
certificadora para fazer sua
avaliação sobre o petróleo.
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